Economia

Holofote sobre fundos de pensão pode ter influência em negociações

Em tempos de caça às bruxas e com investigações da Polícia Federal questionando as decisões de investimento dos fundos de pensão estatais, aumenta a pressão para a cobrança de um prêmio de controle na renovação do acordo de acionistas da Vale. A atual indefinição sobre o destino do bloco de controle da mineradora tem sido mais um fator de incerteza sobre as negociações dos papéis da companhia nos últimos meses.

Depois de 20 anos, o atual acordo de acionistas vence no início de 2017. Durante o governo PT havia o temor de que o acordo não fosse renovado e a companhia caminhasse para uma espécie de “reestatização branca”, com os fundos de pensão estatais como os principais acionistas.

Com o impeachment de Dilma Rousseff, a leitura é que a discussão fica blindada do fator político e que a renovação segue como uma disputa negocial liderada por Bradespar e Previ, fundo com maior poder de fogo na negociação por ser a maior acionista da Litel (78,4%). Em jogo está o pagamento de um prêmio de controle para que a fundação renove o acordo nas mesmas bases.

“Exigir o prêmio é uma decisão de mercado dos fundos de pensão. Hoje a correlação de forças está desbalanceada, tendo em vista que eles detêm mais ações e dividem o poder igualmente com os sócios privados. Se aceitarem renovar o acordo sem prêmio os fundos estarão fazendo bondade com dinheiro dos participantes”, diz uma fonte a par das negociações.

A Vale é um dos principais ativos na carteira da Previ e aquele em que o fundo mais perdeu valor em 2015 (quase R$ 8 bilhões). O fundo de pensão tem 15,61% de participação direta e indireta na mineradora. Diante das suspeitas sobre os fundos motivadas pela Operação Greenfield, a exigência do prêmio de controle se torna quase obrigatória para evitar cobranças. “Não acredito em mudança do controlador. A dúvida é qual será o tamanho da Litel no novo acordo e se a mudança de tamanho passará pelo pagamento de um prêmio pelos sócios privados”, disse uma outra fonte. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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