José Carlos de Oliveira, homem acusado de cometer racismo e flagrado por câmera de segurança disparando três tiros contra o seu vizinho negro, Pedro Galdeano Neto, de 29 anos, em Mogi das Cruzes, se entregou à polícia nesta terça-feira, 29, e teve sua prisão preventiva decretada nesta quarta-feira, 30, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo. Pedro está internado em um hospital da cidade, deve receber alta também nesta quarta-feira e prestará depoimento na delegacia.
Oliveira estava foragido desde o dia 23 de novembro, quando o crime aconteceu e foi emitido um mandado de prisão temporária. Segundo o prefeito de Mogi das Cruzes, Caio Cunha, após se apresentar na 3.º DP de Mogi das Cruzes, onde o boletim de ocorrência do caso tinha sido aberto, o homem foi encaminhado para a carceragem do 1.º DP de Mogi das Cruzes, onde aguardará o julgamento do caso. A arma utilizada na ação foi apreendida para perícia.
"Todo o processo criminal e também o processo administrativo feito pela corregedoria da guarda municipal já está acontecendo", disse o prefeito em um vídeo publicado na sua conta do Instagram.
O pai da vítima, Jefferson Azpilicueta, diz que a família teme que o homem seja solto e volte a procurá-los.
"Nós estamos pensando seriamente em nos mudar. Eu estava conversando ontem com a minha esposa sobre isso, porque não sabemos quanto tempo esse cara vai ficar na prisão. De repente, em breve ele está na rua e a gente não tem condições de viver ao lado de um cara desse", afirmou ao <b>Estadão</b>.
<b>Família em estado de alerta constante</b>
Segundo Azpilicueta, a esposa de Oliveira ainda frequenta a casa ao lado da deles, onde o atirador vivia, mas não entrou em contato com a família.
"Alguns dias atrás ela veio aqui de carro com mais algumas pessoas. Eles entraram na garagem (da casa de Oliveira) e nós ficamos com medo, porque ele ainda não tinha sido pego. Ficamos com medo dele estar no porta-malas, descer e vir aqui querer atentar contra a nossa vida. Olha o desespero em que a gente está vivendo, está bem difícil", conta o pai da vítima.
Pedro, que foi internado no Hospital Luzia de Pinho Melo, onde passou por uma cirurgia, deve receber alta ainda nesta quarta-feira, 30, e vai imediatamente depor sobre o caso, de acordo com o pai. O estado de saúde dele é estável.
<b>Entenda o caso</b>
Na manhã de quarta-feira, 23, Pedro teria sofrido injúrias raciais ao ser abordado por seu vizinho, José Carlos de Oliveira, um guarda civil municipal afastado, que fez os disparos. O microempresário foi levado a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da cidade e depois transferido para o Hospital Luzia de Pinho Melo.
Em um vídeo de câmera de segurança, os dois homens aparecem conversando até que Oliveira agride Pedro com o que parece ser uma bengala. Em seguida, ele saca uma arma e atira contra o rosto e as costas do vizinho, que já havia entrado em casa.
O vídeo não tem som, mas a defesa da vítima alega que Oliveira estava proferindo ofensas racistas e que aquela não foi a primeira vez que ele cometeu crime de injúria racial contra a família. Em outro vídeo da câmera de segurança, o homem aparece jogando cascas de banana em frente à casa do vizinho – ato que pode ser considerado como racismo – enquanto passeava com um cachorro. O <b>Estadão</b> não conseguiu contato com a defesa de Oliveira.