Maromomi ou Guarulhos? Quem foram os primeiros habitantes dessa terra? Os historiadores e os antropólogos não entraram em um consenso a respeito do assunto. Os últimos acabaram homenageados pelo nome da cidade. O que não muda em nada, porém, a carnificina brutal sofrida pelo povo nativo.
O Aldeamento de Nossa Senhora da Conceição dos Guarus foi fundado pelo jesuíta Manuel de Paiva em 8 de dezembro de 1560 para catequisar os índios da área. A mineração na região do Lavras, comandada por Afonso Sardinha ainda no final do século, escravizou parte da população indígena para a mão-de-obra.
Após o fim da era do ouro na cidade, muitos ainda continuaram trabalhando arduamente em fazendas da cidade. Muitos fugiram, outros morreram em confrontos. Parte dos indígenas, sem a imunidade necessária para as doenças trazidas pelos europeus, enfraqueceram ou morreram, assim como a cultura, eliminada pelos novos dominantes do território.
Guarulhos tem, atualmente, entre 1.500 e 1.700 indígenas, o que representa 0,1% da população de 1,4 milhão de habitantes, de acordo com os dados divulgados pelo IBGE neste ano. A Secretaria de Igualdade Racial no município contabiliza 25 famílias de nove etnias diferentes. São elas: Tupi, Kaimbé, Wassu-Cocal, Pankararu e Pataxó, Fulni-ô, Pankararé, Geripanko, Xucuru, Xavante, Guajajara, Terena, Tupinambá, Truká, Guarani e Kariri-Chocó.
A Reserva Indígena Multiétnica Filhos Dessa Terra começou a ser gestado em 2002 pelas lideranças dos povos indígenas de Guarulhos. Em 2008 foram disponibilizadas duas terras para que escolhessem onde seria a aldeia. Em abril, o espaço, localizado no Cabuçu, foi vítima de um incêndio criminoso. Três meses antes, a assistente social e técnica em enfermagem Vanuza Kaimbé havia sido a segunda pessoa a receber a vacina contra o coronavírus no Brasil. Ela é moradora da Filhos Dessa Terra e, ao ser imunizada contra a doença, criticou duramente os negacionistas em entrevista ao GuarulhosWeb.