Homens armados e encapuzados invadiram o estúdio da emissora TC Televisión em Guayaquil, no Equador, onde a violência tem sido crescente. O canal estava ao vivo nesta terça-feira, 9, quando o grupo avançou sobre o estúdio e ameaçou os jornalistas e cinegrafistas.
Disparos foram ouvidos no estúdio principal e os funcionários da emissora usaram um grupo de WhatsApp para pedir ajuda: "socorro, eles querem nos matar", dizia a mensagem. As informações foram confirmadas pelo El Universo.
Ainda de acordo com as informações preliminares divulgadas pela imprensa local, o bando deixou uma dinamite na recepção e fez os profissionais da emissora reféns. "Estamos no ar para dizer que não se brinca com a máfia", disse um dos criminosos. Por volta das 14:30, a transmissão foi interrompida no Equador, mas o sinal internacional permaneceu no ar. A polícia informou que mandou tropas especiais para o prédio da emissora.
Em outras cidades do país, como Esmeralda, perto da fronteira com a Colômbia, homens armados incendiaram carros e ameaçaram as pessoas que passavam. O presidente equatoriano, Daniel Noboa, declarou na tarde de hoje conflito armado interno e designou gangues que atuam no país como organizações terroristas. "Ordenei às Forças Armadas que realizem operações militares para neutralizar esses grupos", disse nas redes sociais.
Na segunda-feira, Noboa já havia decretado estado de exceção em resposta a onda de violência com policiais sequestrados, fuga de presos e ataques com explosivos após a fuga da prisão de José Adolfo Macías Salazar, conhecido como "Fito", líder de uma gangue conhecida como Los Choneros, considerada uma das mais perigosas do país.
O país fica situado entre os maiores produtores de cocaína do mundo, Colômbia e Peru, e tem exercido há anos o papel de ponto de exportação de ilícitos para a América do Norte e a Europa. A violência do narcotráfico escalou a partir de 2018, inicialmente, restrita aos presídios, onde diferentes gangs disputavam o mercado de drogas.
O governo perdeu o controle do sistema carcerário e facções internacionais viram no caos uma oportunidade. Esses grupos de outros países passaram a unir forças com quadrilhas dos presídios e das ruas, desencadeando uma onda de violência diferente de qualquer coisa vista na história equatoriana recente.