Os homens estão mais bonitos. Ou pelo menos tentando ficar. De acordo com dados apontados na pesquisa realizada ano passado pela Nielsen, provedora global de informações e insights sobre o que o consumidor assiste e compra, aumentou a procura do público masculino por produtos de higiene. Desodorantes, sabonetes, tinturas, condicionadores, xampus, creme para pele e lâminas de barbear, são os campeões de vendas entre os homens. Somente essas sete categorias juntas representam 49% das vendas da cesta de higiene e beleza.
A busca para manter a boa aparência, jovialidade e autoestima fazem também com que cada vez mais homens marquem presença nas clínicas de estética e salões de beleza. Essa mudança de comportamento dos homens já foi percebida e os salões se preparam cada vez mais atender esse público específico.
O empresário e profissional no ramo da beleza há 28 anos, Rui Holic, conversou com o Guarulhos HOJE a respeito. "Na década de 70 o homem brasileiro vivia para satisfazer uns aos outros com uma aparência bruta e rústica, pois a força que determinava o melhor. No fim da década de 80, houve a queda da barba e a saída do gel. Com a queda da barba, o homem não se fidelizou mais ao seu grupo "macho". Logo após se estende para o corpo diminuindo os pêlos e melhorando a forma visual. Fugindo de uma aparência mais retrógrada, o homem voltou-se para o lar, e passou buscar amar o que faz. Essas mudanças o homem faz para si próprio, justamente para tornar-se melhor".
De acordo com o assistente de cabeleireiro Tiago Moraes, o homem está se preocupando mais com a saúde, e procurando serviços, como disfunções do couro cabeludo (caspa e oleosidade); pedicure e manicure, para pés e mãos mais bem tratados e evitando odores desagradáveis. Mas também está preocupado com a estética, fazendo gradativamente serviços de bronzeamento, limpeza de pele, sobrancelha, rejuvenescimento capilar e tratamento anti-queda.
"O padrão de beleza aumentou mais suas exigências. E o homem não se arruma só porque quer ficar bonito, e sim porque o mercado de trabalho tem exigido muito a aparência de seus colaboradores. Então, nos dias de hoje não adianta só cortar o cabelo e fazer a barba", conta Tiago.
Os metrossexuais desabafam
O estudante de Gestão Ambiental Rafael Lagareiro Moraes, de 28 anos, é um desses homens preocupado com a aparência e assume ser metrossexual. "Eu acho normal homens que se cuidam. Há muito preconceito em relação a isso, às vezes até por falta de conhecimento do assunto ou da palavra", disse.
E conta os cuidados que tem para manter a boa aparência. "Gosto de treinar musculação, fazer uma corrida, faço uso frenquente de hidratante sempre após o banho, recorro sempre ao cabeleireiro para estar com o cabelo em corte despojado, deixo a barba por fazer, faço depilação no peito e na barriga, unhas sempre bem feitas e limpeza de pele sempre que possível".
Já o engenheiro elétrico Rafael Cunha, de 25 anos, utiliza shampoo, condicionador de boa qualidade, passa modelador sempre que faz uso do secador, utiliza pomada para modelar e utiliza uma máquina apropriada para fazer a barba e deixá-la bem baixinha. Mas não se considera um metrossexual. "Não faço limpeza de pele, não faço unhas, não frequento SPA, não passo protetor solar e etc. Coisas que um metrossexual com certeza faz. Mas confesso que me cuido talvez mais do que a maioria dos homens".
Ambos acreditam que a boa aparência abre muitas portas, tanto profissional como no setor pessoal. "O tempo dos homens suados, sujos de graxa, com unhas grandes, barbudos, já passou. As mulheres não querem alguém com esse perfil ao lado delas", diz o engenheiro.