Saúde

Hora das refeições vira uma batalha entre pais e filhos

No total, 984 mães foram ouvidas, de todas as regiões do país, sobre o perfil de crianças com dificuldades alimentares
"Ela não come a maioria dos legumes e hortaliças e se tornou muito seletiva com tudo o que eu ofereço. Aquilo que não gosta, ela retira do prato e separa. Além disso, se eu deixar ela comer sozinha vai demorar cerca de duas horas, por isso, eu mesma dou a comida na boca dela", explicou Regina Célia de Moraes Sampaio, mãe de Gabriela, de 7 anos de idade. O relato é um exemplo da batalha travada entre pais e filhos quando chega a hora das refeições.

Segundo pesquisa realizada pela Abbott, empresa especializada em negócios diversificados na área de saúde, essa é a realidade de 51% dos pais brasileiros. No total, 984 mães foram ouvidas, de todas as regiões do país, sobre o perfil de crianças com dificuldades alimentares. Das entrevistadas, 47% afirmaram que a criança não come toda a quantidade oferecida, 43% apontam que o filho não tem interesse na comida e 40% destacam que a criança come sempre os mesmos tipos de alimento.

"Quase todos os dias é a mesma situação. Eu brigo com ela que não quer comer de jeito nenhum e após muito tempo consigo fazê-la comer pelo menos um pouquinho", afirmou Sara Martinez de Oliveira, mãe da pequena Jaqueline, de 3 anos.

 

Não há uma explicação lógica para a questão, no entanto, com o passar do tempo muitas crianças se tornam seletivas excluindo determinados grupos de alimentos como verduras, legumes e frutas; pulando determinadas refeições ou simplesmente comendo quantidades mínimas de alimentos.
"Hoje em dia está bem difícil fazer ele comer verduras, legumes e outros tipos de alimentos. Ele diz que não gosta, que não quer e não há jeito de conseguir com que ele coma", comentou Andressa S. Moreira, mãe do pequeno Caio, de 5 anos.

 

O levantamento revelou ainda que 56% das pessoas consultadas apontam o problema como algo comum e 89% como uma fase temporária na vida da criança. Além disso, cerca de 33% das mães oferecem a comida preferida do filho caso ele faça a refeição principal e 24% deixam a criança à mesa até que ela termine a refeição. Já 70% das entrevistadas mencionam que a dificuldade alimentar da criança atrapalha a relação entre mãe e filho.

Responsáveis devem redobrar atenção com a alimentação

Dificuldades alimentares são comuns em crianças no mundo todo, no entanto, para a nutricionista Alzira Melo Machado da Silva os pais devem ficar atentos ao problema. "Há uma causa para isso estar acontecendo. Pode ser a ausência da organização na hora das refeições, onde a família não tem o hábito de se reunir à mesa; a falta de um horário certo para se alimentar, entre outros", explicou a nutricionista.

A questão deve ser tratada com seriedade, já que algumas crianças acabam exagerando na falta da alimentação correta apresentando baixo peso, falta de atenção, desenvolvimento lento no aprendizado, deficiência de nutrientes como ferro, vitaminas e sais minerais; além da falta de cereais, carne, peixe, leite e outros produtos lácteos na dieta.

No entanto, os pais devem ficar atentos à quantidade de alimentos que está sendo servida. "Muitos pais querem que a criança coma a quantidade que eles acham ideal. Então temos mães que colocam um prato enorme de sopa na frente do filho e se o médico perguntar ela vai dizer que ele não se alimenta bem porque não come o que ela quer", explicou Alzira.

Além disso, os pais devem ficar preocupados quando o filho não ganha peso, não come muitos tipos de alimentos de certas texturas ou consistências, recusa-se a comer todos os alimentos de um determinado grupo, perturba as refeições familiares com seu comportamento na hora de comer ou quando quer comer mas parece incapaz.

Dicas para seu filho aprender a comer bem

Sirva as refeições sempre no mesmo horário: Toda crianças precisa ter horários predeterminados para a ingestão de alimentos. Além disso, é importante ter um intervalo entre as refeições de duas a três horas;

Não ofereça alimentos entre as refeições: Quando a criança recusa a refeição principal, não se deve oferecer outro alimento no lugar e nem forçá-la a comer;

Diminua os líquidos entre as refeições: Durante as refeições as bebidas precisam ser controladas, pois a criança troca facilmente a refeição por sucos ou refrigerantes;

Não recompense e nem ameace a criança que não come: É comum muitos pais dar algum tipo de recompensa se a criança realizar determina refeição ou ameaçá-la de alguma forma caso não coma. Ambas as práticas não resolvem o problema;

Ter firmeza e equilíbrio: Quando a criança se alimentar fora de hora ou comer, com frequência alimentos inadequados, pode ocorrer prejuízos no seu estado nutricional;

 

Colocar quantidades pequenas no prato: O volume da refeição da criança de 1 a 6 anos deve ser adequado à sua pequena capacidade gástrica. Pratos grandes, além de não estimulá-la, trazem aversão, pois ela já se satisfaz só de olhar. O correto é colocar um pouco de cada preparação no prato, se ao final da refeição houver um pedido de mais comida, é conveniente servir uma porção menor do que a primeira;
 
Evitar artifícios para estimular a alimentação: Não utilizar de práticas como "aviãozinho" ou deixa a criança realizar as refeições assistindo televisão;

 

Use a criatividade: Uma forma válida de estimular a ingestão de alimentos é elaborar pratos com alimentos não aceitos pela criança. Por exemplo, com batata é possível fazer bolinhos, tortas ou batatas recheadas;

Evite alimentos muito energéticos antes das refeições: Criança que come biscoitos, sorvetes, doces, salgadinhos ou qualquer outro alimento, antes do almoço ou do jantar, rejeitará a refeição e solicitará algo para comer logo depois, estabelecendo um ciclo vicioso;

Seja um exemplo para o seu filho: As crianças copiam os modelos alimentares dos pais e de pessoas que admiram. Se a família tem bons hábitos, a criança os incorpora com o passar do tempo. Quando ela rejeita qualquer alimento, o melhor é não insistir, mas sim dar exemplos.

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