Hora das revelações

<i>Público terá duas semanas para relembrar a história de Amor de Mãe, a partir desta segunda; capítulos inéditos chegam dia 15</i>

A pandemia obrigou o mundo cultural a se reinventar, procurando soluções para sobreviver ao distanciamento social. Passamos a presenciar momentos nunca antes imaginados, como foi o caso da teledramaturgia. País que tem as novelas como referência da televisão, em certo momento teve como única alternativa para preservar a vida e a saúde dos profissionais interromper as gravações das tramas em andamento. Quando todos estavam aflitos para que Lurdes encontrasse seu filho Domênico, veio a pausa indesejada, mas necessária, e o público teve de esperar quase um ano para que a trama tivesse o aguardado final. Pois o dia chegou.

A partir desta segunda, 1.º de março, Amor de Mãe retorna à tela da <i>Globo</i>. Mas, sabendo que depois de tanto tempo a história poderia estar adormecida na memória, as primeiras duas semanas serão para relembrar o que já foi exibido. Os capítulos inéditos e finais da novela chegam no dia 15.

Escrita por Manuela Dias e dirigida por José Luiz Villamarim, Amor de Mãe é centrada na trajetória de três mulheres: Lurdes (Regina Casé), Thelma (Adriana Esteves) e Vitória (Taís Araújo), que têm suas vidas entrelaçadas.

Para refrescar um pouco a memória, no último capítulo antes da parada causada pela pandemia, os enigmas começavam a ser solucionados. Durante uma homenagem a Lurdes, um vídeo é exibido e nele surge a foto de Domênico ainda criança, que fora vendido pelo pai. É assim que Thelma descobre que seu filho Danilo (Chay Suede) é esse menino que ela comprou há mais de 20 anos, mas ela não revela a verdade, pelo contrário, vai impedir quem quer que seja de revelar o segredo. Surge aí a grande vilã da trama, capaz de matar para encobrir o que fez no passado.

O trabalho para a retomada das gravações e para, enfim, terminar de contar essa história foi intenso, com toda a equipe envolvida em fazer com que tudo desse certo e com a maior segurança. Emocionada e feliz com o destino de sua personagem Vitória, Taís Araújo é firme ao dizer que os cuidados contra a covid são a prova de que, se você seguir o protocolo, ele funciona.

"A gente foi se acostumando com o próprio protocolo, conforme os dias foram passando, como tudo na vida, igual quando a gente se acostumou a andar de máscara na rua", afirma a atriz.

Ela conta que as exigências de segurança dependiam do grau de proximidade das cenas. "A gente tinha a testagem, que chegava a ser a cada 72 horas, e até o isolamento em hotel, e havia a cena com acrílico, que era mais simples do que a gente achava."

Essas medidas de prevenção, como diz Taís, tinham de ser adotadas por todos, pois o que cada um fizer vai refletir na vida e segurança do colega. "Eu estou me comprometendo e estou indo gravar. Por mais que a gente esteja testado, não dá para ficar saracoteando por aí." Atitude que ela mantinha em sua vida pessoal também. "Eu fiquei muito tempo sem sair de casa, só voltei a sair quando comecei a gravar."

Taís revela que o medo também fez parte dessa retomada, afinal a situação imposta pela pandemia era nova para todos, mas, com o passar dos dias e o avanço dos trabalhos, a equipe ia sentindo mais segurança e melhorando todo o processo. "Foram muitas reuniões sobre protocolo até que a gente entendesse bem como a coisa ia funcionar, passando da teoria para a prática", revela, enfatizando que depois foram se ajustando às regras de segurança.

Ela lembra da dificuldade na primeira cena de que participou nesse retorno e como o entrosamento da equipe foi fundamental para que a gravação fosse possível. A gravação em questão era com Regina Casé e ela conta que estava muito nervosa, pois todos os outros atores que estavam lá, já estavam entrosados, tinham começado a gravar havia algum tempo.

"Era uma cena em que eu entregava um segredo na mão dela, e eu não tinha a menor ideia de como fazê-la e o Zé (Villamarim) estava gravando havia umas duas ou três semanas, então a galera já estava no processo", conta Taís. Nesse momento, lembra, o diretor entendeu que tinha de dar um tempo para ela. "Foi muito bonito quando ele me disse assim: Eu entendi completamente, me desculpe, toma seu tempo."

Claro que, depois de tantos meses distante da trama, havia a necessidade de dar uma reativada nas emoções dos personagens e Taís credita à preparadora de elenco Tati Lena o sucesso desse trabalho. "Ela preparou a gente para a novela, uma mulher incrível, mas por causa do protocolo não pôde ir ao set, então fizemos muita preparação pelo Zoom – leitura, encontros, cenas, ensaios. Toda a preparação foi feita remotamente." E foi assim que Vitória teve sua história encerrada, com um final que agradou à atriz, que afirma não saber como termina a história dos outros personagens. "Eu até tentei, vou confessar, pegar informações com as pessoas sobre como termina para cada um", o que não funcionou, pois o sigilo imperou.

Nesta segunda parte de Amor de Mãe, os personagens surgem espelhando o momento, incluindo no dia a dia de cada um os cuidados necessários para se manter seguros quanto ao coronavírus. "A história é sobre Lurdes encontrar o filho e os personagens seguindo em frente, Thelma quer proteger o filho, Vitória, seguir a vida", conta Manuela Dias.

A autora diz que tudo neste momento a inspirou na elaboração da trama nessa reta final, mas que a novela não é sobre a covid. Atores surgem usando máscara, mantendo distanciamento, da mesma forma que o público em geral. "Como roteirista, a gente vive se adaptando, se chove, se faz sol, ou mesmo com a doença de um ator", afirma Manuela, que precisou fazer ajustes na trama para essa volta. Mas ela garante que gostou do que foi feito e que todos os personagens, principais e secundários, terão suas histórias finalizadas.
As informações são do jornal <b>O Estado de S. Paulo.</b>

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