O governo da presidente Dilma Roussef (PT) conseguiu ficar pouco mais de um mês fora dos holofotes das revistas semanais. Desde que o ex-ministro do Turismo, Pedro Novais, perdeu o cargo em 14 de setembro, parecia que a faxina tão propagada pela chefe da Nação estava tendo efeitos práticos. Até a mídia recuou um pouco no teor das denúncias. A oposição, ávida por conseguir apoio para a abertura de uma CPI da Corrupção mista, seguiu encontrando fortes resistências tanto no Senado como na Câmara Federal. Outros temas passaram a tomar conta dos noticiários. Parecia, finalmente, que teríamos um final de ano tranquilo.
Porém, bastou a Veja trazer mais um escândalo envolvendo diretamente o ministro dos Esportes, Orlando Silva (PCdoB), para que o sinal de alerta fosse acionado. Imediantamente a tropa de choque do governo foi chamada para abafar mais um caso que envolve denúncias de entrega de dinheiro vivo, desviado de ONGs, nas mãos do mandatário da Pasta para que a própria Dilma pedisse explicações.
A princípio, como disse Silva – de peito aberto e cara limpa -, o ônus da prova fica a cargo de quem denuncia. Desta forma, por enquanto, fica a palavra de um contra o outro. Sem querer condenar um inocente, nem exigir que ele perca o cargo, há que se considerar que as denúncias publicadas pela revista remetem a um problema que não é novo. Versa sobre devios no programa Segundo Tempo, que teria como objetivo incentivar a prática de esportes por jovens carentes.
O programa, comandado pelo PCdo B, desde a primeira gestão de Lula, já deu muito o que falar. Em Guarulhos, a oposição, na época em que o secretário do ex-prefeito Elói Pietá era Julio Filgueiras (que figura nas denúncias), tentou abrir uma Comissão de Investigação na Câmara Municipal, sobre o mesmo Segundo Tempo.
As denúncias eram bem parecidas como as que são escancaradas agora, numa demonstração de que há fundamentos nas acusações feitas por um ex-dirigente do PCdoB. Cabe então que, em vez de se passar por cima ou fazer discursos bonitinhos perantes os microfones, Dilma aja com energia e promove uma faxina. Mas de verdade. Talvez, até para eliminar qualquer suspeita, que o governo libere sua base para a abertura de uma CPI, independente, e que possa ajudar a mostrar a verdade.