Hospitais do interior de SP têm filas para internação; cidades transferem doentes

Com hospitais lotados e filas de pacientes para internação, prefeituras já transferem doentes com a covid-19 para outras cidades no interior de São Paulo. Nos últimos 15 dias, segundo a Secretaria de Estado da Saúde, a ocupação de leitos exclusivos para infectados pelo novo coronavírus subiu de 52,7% para 60,2%, mas em muitas cidades a lotação da rede hospitalar chega a 100%, atingindo picos iguais aos do auge da pandemia. Gestores de saúde temem que as festas do fim do ano causem uma explosão no número de casos. A pasta afirma que habilitará dois mil novos leitos de UTI no Estado.

Na terça-feira, 15, Sorocaba tinha 41 pacientes com covid internados, 28 deles em UTI. Pela manhã, 12 infectados eram mantidos em estabilidade na rede pré-hospitalar municipal aguardando internação, dois deles com indicação para UTI. À tarde, apenas um conseguiu vaga.

O hospital Adib Jatene, mantido pelo Estado, tinha 100% de leitos de UTI ocupados, e a enfermaria da Santa Casa, vinculada à prefeitura, já estava em capacidade máxima. "Nossos 61 leitos para covid estão com pacientes e não temos estrutura para ampliar mais", disse o administrador da Santa Casa, padre Flávio Miguel Junior.

Ele manifestou preocupação com as festas do fim do ano. "Há uma ascensão no número de casos e pode piorar se não houver distanciamento nas festas. Nossas equipes estão exaustas e não conseguem descansar", disse.

No conjunto hospitalar, estadual, a ocupação em leitos de terapia intensiva era de 95% – 5% ficam vagos para emergências. Entre os hospitais particulares, o da Unimed tinha 100% dos leitos de UTI tomados.

Conforme dados do município sobre leitos mantidos pelo Estado, o número de vagas disponíveis em UTI caiu 38% entre o final de junho e início de dezembro. Essa redução foi de 42,7% na enfermaria.

A prefeitura informou que deve concluir esta semana a contratação de 20 leitos de enfermaria no Hospital Santa Lucinda para pacientes com coronavírus. Sorocaba já soma 24.076 casos e 525 mortes pela covid – cinco novos óbitos registrados nessa terça.

<b>Campinas</b>

Em Campinas, a prefeitura voltou a suspender cirurgias eletivas (não urgentes) na Rede Mário Gatti, que inclui os hospitais Mário Gatti, Ouro Verde e as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do município. A medida foi tomada, segundo o prefeito Jonas Donizette (PSB), devido ao aumento no número de casos e mortes e à pressão sobre o sistema de saúde. O prefeito recomendou à rede particular que tome a mesma medida. A ocupação dos leitos de UTI exclusivos para covid-19 chegou a 85,7%. Das 196 vagas nas redes pública e particular, 168 estavam ocupadas. Em 24 horas, cinco internações. As cirurgias eletivas representam 70% do total.

<b>Indaiatuba</b>

A prefeitura de Indaiatuba contratou oito leitos para covid-19 no Hospital Samaritano de Campinas, mas todos estavam ocupados. O município foi obrigado a acionar a Central de Regulação de Ofertas de Serviços de Saúde (Cross) do governo estadual na segunda-feira, 14, após constatar lotação das vagas de UTI. Dois pacientes estavam a ponto de serem transferidos para outras cidades, mas na noite de segunda para a terça três foram abertas no Hospital Municipal e uma no Samaritano de Campinas.

<b>São José de Rio Preto</b>

O Hospital de Base de São José de Rio Preto, referência para 102 municípios da região, tinha 84 dos 145 leitos de UTI ocupados, taxa de 57%. Na enfermaria, a ocupação era de 39% – 77 dos 195. A diretora administrativa Amália Tieco considerou a situação preocupante. "Em um mês, a ocupação de leitos de enfermaria dobrou e a de UTI aumentou 120%", disse. O hospital já estuda a suspensão das cirurgias eletivas. A cidade registrou 63 novos casos e seis óbitos nas últimas 24 horas. Agora são 31.595 pessoas infectadas e 849 óbitos. Em toda a rede, são 269 pacientes internados, sendo 75 em UTI.

<b>Amparo</b>

A prefeitura de Amparo foi obrigada a colocar dois leitos a mais na ala para pacientes de coronavírus da UTI da Santa Casa para dar conta da demanda. Mesmo assim, quatro pacientes locais foram transferidos para outras cidades. O hospital da Beneficência Portuguesa também atingiu lotação máxima na UTI covid. Ao todo, 20 moradores estão internados com coronavírus.

<b>Outras cidades</b>

A Santa Casa de Birigui registrou, na terça-feira, 100% de ocupação dos 22 leitos de UTI e enfermaria. A prefeitura deixou de prontidão a Santa Casa de Araçatuba e o Hospital de Campanha de Penápolis para receber transferências de novos casos de internação.

Também estavam com 100% dos leitos para covid-19 as Santas Casas de Ourinhos, Santa Cruz do Rio Pardo e Lins.

No Hospital das Clínicas de Botucatu, que é público e referência para covid-19 na região, a ocupação de leitos voltou ao patamar de julho. Na segunda-feira, a taxa chegou a 87%, com 42 pacientes internados. Na terça, dois pacientes tiveram alta, fazendo a lotação recuar para 83%.

Com 61 pacientes de covid internados, a cidade de Marília registrava ocupação de 100% de leitos de UTI no hospital Unimar e de 90% na Santa Casa.

Em São José dos Campos, onde a média de casos diários de infecções de coronavírus dobrou em 14 dias (de 64 para 131), a ocupação de leitos de UTI exclusivos para covid-19 na rede pública e privada chegou a 64,4% na terça e 51,9% nas enfermarias, com 134 internados. Já são 522 óbitos e 22.781 infectados pelo coronavírus.

<b>Baixada Santista</b>

Na Baixada Santista, o aumento dos casos de covid preocupa, mas a taxa de ocupação hospitalar está abaixo de 50% na maioria das cidades. Nas últimas 24 horas, os nove municípios tiveram 618 registros de infectados. Há 373 pessoas internadas. Dessas, 308 estão em Santos, onde a ocupação dos 697 leitos para covid está em 44%. Já nos 287 leitos de UTI, a taxa é de 54%, com ocupação maior da rede privada (65%) do que na pública (435), segundo números da prefeitura.

<b>Mais leitos</b>

O governo de São Paulo informou que garantirá o custeio e financiamento de dois mil leitos de UTI no Sistema Único de Saúde (SUS) de todo o Estado. Conforme a secretaria estadual, a habilitação dos leitos já foi pedida e está sendo analisada pelo Ministério da Saúde.

"Temos a necessidade não só de reforçar o sistema de saúde, garantindo leitos de covid para nossa população, mas também adotando medidas emergenciais e tendo a possibilidade de ter uma vigilância que nos permita que essas medidas garantam a segurança da população", disse o secretário Jean Gorinchteyn.

Segundo a pasta, essas vagas serão garantidas com o valor de diária de UTI definido pelo Ministério da Saúde exclusivamente para atendimento aos pacientes com coronavírus, à razão de R$ 1,6 mil por dia. A habilitação abrangerá todas as regiões, em serviços de saúde estaduais, municipais, universitários e conveniados ao SUS em Santas Casas e hospitais filantrópicos.

Também devem ser prorrogados 70 convênios que venceriam em 31 de dezembro e que dão suporte às Santas Casas e municípios para manutenção de leitos para covid-19. Segundo a pasta, no período pré-pandemia, o SUS paulista contava com 3,5 mil leitos de UTI, número que subiu para 8,5 mil com a ativação de 5 mil novos leitos.

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