A Santa Casa de São Roque, região de Sorocaba, está convocando cerca de 400 pacientes atendidos por falsos médicos para a realização de novo atendimento. De acordo com o diretor do hospital, Jorge Haddad, o objetivo é refazer os procedimentos para garantia de que não haverá danos à saúde dessa clientela. Ainda segundo ele, nenhum dos pacientes corria risco de morrer quando passou pela consulta. Também estão sendo verificados 40 atestados de óbito assinados pelos suspeitos nesse hospital.
De acordo com Haddad, três profissionais que apresentaram registros falsos no Conselho Regional de Medicina (CRM) atuaram na unidade de saúde. Eles foram contratados pelas empresas Innova e Guazza, que estão sob investigação da Polícia Civil. Apenas um dos investigados, Pablo do Nascimento Mussolin, que utilizava o CRM em nome de Pablo Galvão, médico do Rio Grande do Norte, realizou 114 plantões na Santa Casa durante cerca de dois anos. Natani Taisse de Oliveira, que usava documentos da médica Natalia de Oliveira, também atendeu no hospital. Os dois são os únicos que estão presos.
Dos outros quatro falsos médicos identificados, a jovem conhecida por Vilka, que usava o CRM de Cibele Lemos e Silva, teve a prisão preventiva decretada, mas está foragida. Um dos supostos falsos médicos morreu há poucos meses, segundo a Polícia Civil. A polícia analisa documentos e livros apreendidos em escritórios das empresas Innova, Guazza e Instituto Ciência da Vida (ICV), que forneciam a mão de obra dos médicos aos hospitais.
O Ministério Público de Mairinque já pediu a quebra de sigilo de todos os envolvidos. A Innova e o ICV alegam que também foram vítimas da fraude, já que tinham como apurar o uso dos documentos falsos. As duas empresas e a Guazza informaram que, a partir dos fatos denunciados, ampliaram o rigor na seleção e contratação dos profissionais.