O governo de São Paulo inaugurou oficialmente nesta quarta-feira, 14, o Hospital da Mulher, que substitui o Pérola Byington. Na inauguração, além do enaltecimento da nova unidade pelo alto nível tecnológico e por ser "o maior centro de saúde especializado da América Latina", o discurso de autoridades focou na revitalização do centro da capital. Lotada na Avenida Rio Branco, nos Campos Elíseos, a instituição foi erguida na região da Cracolândia.
O ambulatório do prédio já funciona desde o início da semana, mas a transferência completa de endereço só deve ser concluída ao final de outubro. O centro recebeu investimento de R$ 245 milhões e é fruto de uma Parceria Público-Privada (PPP), com financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvimento.
A construção ocupa um quarteirão inteiro entre a Avenida Rio Branco, a Alameda Barão de Piracicaba, a Rua Helvétia e a Alameda Glete, em frente à Praça Princesa Isabel. Conforme mostrou o <b>Estadão</b>, no início do mês, a tecnologia contrasta com as turbulências do entorno.
Além da dispersão dos usuários de drogas na Cracolândia nos últimos meses, seguida de sucessivas operações policiais contra o tráfico, moradores protestam contra as desapropriações que levaram à construção do centro médico e relatam dificuldades para atender às exigências da Prefeitura para continuar morando lá.
O ex-governador João Doria, que deu início às obras, frisou que a unidade não é apenas o maior centro de saúde especializado da América Latina, mas também o quinto maior do mundo. Ele argumentou que a localização da construção tem "uma simbologia extraordinária". "Porque é um passo gigante na recuperação dessa área."
Secretário de Governo e representante do governador e candidato à reeleição Rodrigo Garcia (PSDB), Marcos Penido também celebrou esse simbolismo da área do prédio, que, segundo ele, "talvez" seja a de "maior vulnerabilidade" da capital. "Nessa área, que sempre foi uma imagem de degradação, nós vemos aqui hoje uma imagem de excelência."
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), foi questionado sobre a segurança na região. "Temos, na região central, o maior número de policiais que a gente já teve na história da cidade, desde 1554?, disse. "A gente pode dizer que essa é uma região que tem um nível de segurança como qualquer outra cidade."
<b>Oncologia</b>
Desde o início da semana, o ambulatório do novo prédio já atende de forma "moderada" e a transferência da antiga unidade ocorre de forma gradativa até o próximo mês, conforme o secretário de Estado da Saúde, Jean Gorinchteyn. Em sua fala, ele ressaltou que os atendimentos em quimioterapia e hormonioterapia serão expandidos em 66% com a mudança. Segundo ele, as doenças oncológicas configuram grave problema de saúde pública após a pandemia e merecem atenção.
"Nós tínhamos pedido durante a pandemia para as pessoas ficarem em casa. Elas ficaram e muitas delas abandonaram seus tratamentos oncológicos, pioraram sua condição clínica. É uma responsabilidade do governo do Estado aportar esses hospitais para que nós possamos dar segurança e garantia de atendimento a essa população mais vulnerável", disse.
Além da oncologia ginecológica e mamária, a unidade 50 mil m² também oferecerá atendimento de ginecologia de alta complexidade, cuidados paliativos e reprodução humana assistida. O hospital deve ofertar mais de 184 mil procedimentos ao ano. Para isso, conta com 172 leitos – 10 de terapia intensiva (UTI) e 60 de enfermaria. (Colaborou Gonçalo Junior)