O governo estadual anunciou nesta segunda-feira, 25, repasse de R$ 58 milhões de verba extra ao Hospital São Paulo, ligado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A maior parte do aporte (R$ 50 milhões) é para gastos de custeio, como contas de energia elétrica ou insumos. Em crise financeira, a unidade de saúde passou por cerca de 200 demissões e enfrentou falta de materiais básicos, como medicamentos. Os outros R$ 8 milhões liberados pelo Estado serão destinados à reforma do pronto-socorro, cuja entrega é prevista para setembro.
O valor de custeio é "para fechar as contas deste ano", segundo o governador Rodrigo Garcia (PSDB), e será pago em nove parcelas a partir desta segunda. "Sei que não é o suficiente do ponto de vista estrutural para o hospital a partir do ano que vem, e quero registrar que nós vamos estar à disposição", disse ele, candidato à reeleição.
Segundo o governo, os convênios regulares, como o Programa Mais Santas Casas, com a instituição estão mantidos. Em nota, a gestão paulista disse que, desde 2011, repassou R$ 1,4 bilhão à unidade, referência na zona sul paulistana.
Para o médico Nacime Salomão Mansur, que assumiu a superintendência do hospital em fevereiro, o aporte estadual dá "fluxo de caixa" à instituição. "É um momento alegre porque nos permite respirar. O hospital estava sob massagem cardíaca e, agora, sai da massagem e está respirando", compara.
Conforme Mansur, a unidade gasta muito dos recursos apenas com folha de pagamento e serviço da dívida. O déficit bancário e com os fornecedores está em torno dos R$ 450 milhões. Desde que assumiu o cargo, o médico deu início ao que ele classifica como "operação salvamento", com 200 demissões até início de abril. Em entrevista publicada no <b>Estadão</b> no início deste mês, ele disse que o hospital morreria "em poucos meses" sem uma reestruturação.
A crise precede a pandemia, mas foi agravada pela escalada de pacientes infectados com a covid-19. Em 2020 e no ano passado, os gastos com insumos e equipamentos de proteção cresceram, assim como os preços dos medicamentos.
<b>Cracolândia</b>
Durante a coletiva, o governador também falou que o Estado tem ampliado o apoio às ações da Prefeitura em relação à Cracolândia. "Estive na semana retrasada anunciando a Bolsa Trabalho. São 10 mil vagas que estamos abrindo na cidade de São Paulo para melhorar um pouco a questão dos moradores de rua e criar alternativas de trabalho para ex-dependentes químicos. Além disso ampliamos a oferta de vagas na rede de unidades terapêuticas do Estado", destacou.
Recentemente, a Polícia Civil de São Paulo, com apoio da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana, iniciou mais uma fase da Operação Caronte na Praça Princesa Isabel, considerada a nova Cracolândia, com o objetivo de cumprir 22 mandados de prisão e seis de busca e apreensão na região.
No final de março, traficantes e usuários de drogas deixaram a região conhecida como Cracolândia, na Luz, ao longo deste final de semana e se espalharam por outros pontos do centro da cidade. O local de maior concentração passou a ser a Praça Princesa Isabel.
Conforme mostrou o <b>Estadão</b>, a mudança de endereço dos traficantes e usuários de drogas, que teria ocorrido a mando do tráfico de drogas, inverteu o cotidiano das duas regiões, separadas por menos de um quilômetro. Moradores do entorno da antiga Cracolândia contam que conseguem dormir mais sem o barulho das brigas dos dependentes químicos, passeiam e até respiram melhor com o fim do constante cheiro de drogas.
Ao mesmo tempo, quem vive perto do novo local de comércio de drogas relata alta de roubos e furtos. Até para pedir pizza eles relatam dificuldades, pois entregadores evitam a área por medo de violência. No final de março, o então governador de São Paulo, João Doria (PSDB), disse ter orientado a remoção de barracas da Praça Princesa Isabel, que são recorridas para esconder o tráfico de drogas.