O ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse nesta terça-feira, 3, que, após uma reunião no Palácio do Planalto com o presidente Michel Temer e com a presença das pesquisadoras indicadas para assumir o comando da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), Tania Cremonini de Araújo e Nísia Trindade, o governo chegou ao “entendimento” de que a pesquisadora Nísia sucederá Paulo Gadelha no comando da instituição.
“Houve conciliação de interesses, de união em torno dos objetivos que estão propostos pela Fiocruz”, disse Barros, que trabalhava pela escolha de Tânia no cargo. “Houve um entendimento por parte do presidente que essa era a solução adequada”, completou.
A decisão aponta um recuo do governo, diante da reação de funcionários e de entidades como a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Na semana passada, uma assembleia foi realizada e um abaixo-assinado, organizado. Até ontem, haviam sido coletadas 6.400 assinaturas em favor da escolha de Nísia Trindade, a 1.ª colocada na votação. Gadelha fica no posto até 17 de janeiro.
A escolha de Tania pelo ministro da Saúde gerou uma crise, porque viola a tradição de nomear o primeiro colocado das eleições internas da fundação. A vencedora do pleito foi Nísia Trindade, com 2.556 votos, contra os 1.695 obtidos por Tania.
Apesar disso, Barros argumentou que por se tratar de uma liste tríplice as duas “tinham mais de 30% de apoiamento e estavam habilitadas” para o cargo. “Conseguimos com um pedido do presidente articular uma solução”, afirmou o ministro, que destacou que apesar de Nisía ficar com o comando da instituição a pesquisadora Tânia terá participação nos processos da Fiocruz.
Antes de conseguir articular o encontro entre as duas pesquisadoras com o presidente, que não constava na agenda de Temer, Barros reuniu-se pela manhã com o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) e o secretário de Programa de Parcerias e Investimentos, Moreira Franco, para tentar chegar a um consenso em relação a Fiocruz. A conversa entre os três, entretanto, foi inconclusiva, e só no encontro com o próprio Temer é que então o martelo foi batido.
Reforma ministerial
O ministro rechaçou ainda as especulações de que poderia deixar o cargo em uma eventual reforma ministerial do presidente Michel Temer. Barros disse que fixou metas de gestão, economia e ações para a sua pasta pelo menos até maio, quando completa um ano no cargo e que está “absolutamente tranquilo” com o seu desempenho.
“Eu estabeleci uma meta, mas fico até o dia que o presidente desejar. Eu estou aqui para trabalhar, desconheço essa questão”, disse, em coletiva no Palácio do Planalto. Barros afirmou ainda que está “muito satisfeito” com o trabalho que tem desenvolvido na pasta.