Estadão

IA é incapaz de criar bons roteiros, mas pode ameaçar humanidade, reflete James Cameron

A ameaça de substituir o trabalho de roteiristas por ferramentas de inteligência artificial (IA) se tornou um dos principais assuntos em Hollywood. Para James Cameron, diretor e roteirista de blockbusters como Titanic e Avatar, esse não é um perigo da tecnologia. Em entrevista ao CTV News, o cineasta se mostrou cético quanto à capacidade da IA em escrever roteiros.

"Pessoalmente, não acredito que uma mente desencarnada, que está apenas regurgitando o que outras mentes incorporadas disseram – sobre a vida que tiveram, sobre amor, sobre mentira, sobre medo, sobre mortalidade – e apenas colocar tudo junto em uma salada de palavras e depois regurgitar… Eu não acredito que isso vá ter algo que vá comover uma audiência", declarou Cameron. Apesar dos temores do setor, ele afirmou não conhecer ninguém que cogitasse pedir à IA que produzisse um roteiro.

"Vamos esperar 20 anos, e se uma IA ganhar o Oscar de melhor roteiro, acho que devemos levá-la a sério", acrescentou.

Mas se Cameron não vê seu trabalho sendo substituído pela tecnologia, ele ressalta outros temores. "Quem está construindo essas coisas? Eles estão construindo para dominar as ações de marketing, então você está ensinando ganância, ou você está construindo para fins defensivos, então você está ensinando paranoia. Acho que o armamento da IA é o maior perigo".

O diretor continuou: "Acho que entraremos no equivalente a uma corrida armamentista nuclear com a IA e, se não a construirmos, os outros caras com certeza irão construí-la e, então, aumentará", argumentou.

"Eu avisei vocês em 1984!" adicionou Cameron, se referindo ao clássico Exterminador do Futuro, cujo roteiro também é assinado por ele. "E vocês não ouviram."

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