Esportes

IAAF suspende 3 de seus dirigentes suspeitos de acobertar doping de russos

O Conselho de Ética da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) anunciou nesta sexta-feira a suspensão provisória de três de seus dirigentes, entre eles um dos principais assessores do presidente da entidade, Sebastian Coe, por suspeita de envolvimento no acobertamento de doping de atletas russos.

Nick Davies, ex-chefe de gabinete de Coe, Jane Boulter-Davies, esposa de Nick e gerente de projetos, e o gerente médico Pierre-Yves Garnier foram suspensos por seis meses enquanto se aguarda por uma investigação completa do caso.

“As ordens para suspensão provisória foram impostas pelo interesse na integridade do esporte, mas não prejudicam o resultado das investigações que virão a seguir. Os três gozam da presunção da inocência até o fim das investigações e a determinação de qualquer sanção disciplinar”, informou a IAAF, por meio de um comunicado.

O Conselho de Ética da IAAF afirmou que as suspensões estão ligadas a um e-mail supostamente enviado no dia 29 de julho de 2013 para o então presidente da entidade, Lamine Diack, pelo próprio filho do dirigente, Papa Massata Diack, um consultor de marketing do organismo máximo do atletismo mundial.

O e-mail, conforme relatado em dezembro passado pelo jornal francês Le Monde, alegadamente planejava atrasar o anúncio dos casos de doping russos para evitar publicidade negativa antes do início do Mundial de Atletismo de 2013, em Moscou.

Agora suspenso, Davies trabalhou como chefe de comunicações secretário-geral adjunto na gestão de Lamine Diack, que deixou a presidência da IAAF no ano passado e está sob investigação de promotores franceses por corrupção relacionada ao possível acobertamento de doping de competidores russos.

Coe, que foi eleito sucessor de Diack em agosto do ano passado, havia anunciado Davies como seu chefe de gabinete. Porém, depois que acusações contra o dirigente surgiram em dezembro, ele deixou temporariamente seu posto na IAAF.

De acordo com a revelação do Le Monde, Davies enviou um e-mail para Papa Massata Diack em 2013, na qual enfatizava a importância de manter o “esqueleto do doping russo no armário” e ainda sugeria o uso de uma empresa de marketing presidida por Coe, então vice-presidente da IAAF, para liderar uma “campanha de relações públicas não oficial” para “evitar escândalos internacionais de mídia” relacionados ao Mundial de Atletismo de Moscou.

De acordo com o e-mail publicado pelo jornal francês, Davies escreveu que, se os atletas russos flagrados com doping não fossem competir em Moscou, a IAAF poderia “muito bem esperar o evento acabar para anunciá-los” como competidores reprovados em exames antidoping.

O Conselho de Ética da IAAF disse ter encontrado evidências suficientes para justificar a investigação e que Davies recebeu um “pagamento em dinheiro de valor desconhecido” de Papa Massata Diack, em 2013, que teria resultado em uma ação “manipuladora”, com a intenção também de enganar um investigador da entidade.

O painel do Conselho de Ética também alegou que Boulter-Davies “recebeu ou tinha conhecimento do recebimento” por Davies de um pagamento realizado pelo filho de Lamine Diack, assim como também enganou investigadores. Garnier, por sua vez, também alegadamente recebeu dinheiro que estava “na direção” de Lamine Diack e foi usado para corrupção neste caso envolvendo os russos.

OLIMPÍADA – A IAAF anunciou as suspensões de três de seus dirigentes exatamente uma semana antes de o Comitê Executivo da entidade se reunir em Viena, na Áustria, para decidir se irá ou não revogar a suspensão da Federação de Atletismo da Rússia antes da disputa dos Jogos Olímpicos do Rio, em agosto. A pena foi imposta em novembro, depois que um relatório divulgado pela Agência Mundial Antidoping (Wada, na sigla em inglês) revelou a prática de doping sistemático de atletas russos com suposto apoio do próprio governo do país.

Diack, por sua vez, é suspeito de ter recebido cerca de 1 milhão de euros para acobertar casos positivos de doping de atletas russos, por meio de chantagem e extorsão. Seu filho, que mora no Senegal, é acusado por promotores franceses de ter atuado de forma ativa para esconder estes casos.

“Não há prioridade maior para a IAAF neste momento do que obter a verdade nas alegações que foram feitas contra o esporte. Estes fatos em particular tornaram-se públicos em dezembro de 2015 e se referem a alegações de violação do código de ética. A IAAF saúda estas investigações pelo Conselho de Ética e o investigador Sir Anthony Hooper, agradecendo-lhes pelo trabalho difícil e duro que continuam a empreender em nome do esporte e da organização”, ressaltou a IAAF no comunicado divulgado nesta sexta-feira.

Caso não consiga reverter a punição imposta após a revelação de uma série de casos de doping de seus atletas, todo o atletismo da Rússia ficará fora dos Jogos do Rio.

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