O nível de utilização de capacidade instalada da indústria siderúrgica brasileira em fevereiro foi de 65,9%, bem abaixo dos 71,9% da média mundial. A situação preocupa o setor, afirmou nesta quarta-feira, 01, o presidente da ArcelorMittal Brasil e do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil (IABr), Benjamin Baptista Filho.
Em coletiva para comentar as projeções do instituto para o setor em 2015, o executivo comentou a queda de 3,2% da indústria em 2014, com impacto direto no consumo de aço. A previsão do IABr é de um declínio de 2,2% da produção industrial em 2015. Diante desse cenário, a estimativa é que as vendas internas caiam 8% e o consumo aparente de aço, 7,8% ante 2014.
Dados recentes da World Steel Association apontam que o excesso de capacidade de produção instalada no mundo subiu de 600 milhões para 717 milhões de toneladas, dos quais 417 milhões de toneladas concentradas na China.
Apesar disso, ainda há projetos pra ampliar a capacidade global de produção em 120 milhões de toneladas no mundo. Somente a China tem planos de elevar sua produção em 40 milhões de toneladas, seguida pelo Oriente Médio (23 milhões de toneladas).
“Isso mostra que a questão do excesso de capacidade está longe de ser resolvida. Se o consumo não aumentar de forma proporcional, esse excedente tende a aumentar”, diz Baptista Filho. “Essa é a principal variável do processo de deterioração dos preços internacionais, já que todo mundo está tentando vender esse excesso”, completou.
O executivo destacou que o Brasil enfrenta grandes dificuldades de competir com os principais concorrentes no setor (Japão, China e Rússia), por ter uma moeda mais valorizada. “Apesar da desvalorização recente do real, ainda estamos 125% mais caros que a cesta de moedas dos países que competem conosco no cenário internacional”, disse.