Economia

IBGE: alta de 1,5% da renda nominal explica interrupção de queda do valor real

Após quatro quedas seguidas no rendimento médio real em relação ao mês imediatamente anterior, a Pesquisa Mensal de Emprego de junho mostrou um aumento de 0,8% nesse indicador em relação a maio, informou nesta quinta-feira, 23, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O avanço, porém, não ocorreu devido a um arrefecimento da inflação do período, mas sim porque houve ganhos nominais, especialmente em dois setores.

“A interrupção nas quedas mensais da renda é explicada pela alta de 1,5% no rendimento nominal (em junho ante maio)”, afirmou Adriana Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE. Segundo ela, esse aumento pode ter sido provocado por reajustes salariais ou dissídios previstos para a época.

“Esse ganho foi garantido não por retração da inflação, mas porque o salário aumentou efetivamente”, disse a técnica. Em maio, o salário médio nominal foi de R$ 2.117,10, valor que saltou para R$ 2.149,00 no mês passado.

Dois setores sustentaram praticamente sozinhos essa diferença, notou Adriana. No comércio, houve avanço de 2,2% no rendimento médio nominal em junho ante maio. Nos serviços prestados às empresas, a alta foi ainda maior, de 4,2% no período. Com isso, esses setores foram os únicos a obter ganhos reais significativos na passagem do mês.

Apesar disso, a renda média real continuou encolhendo na comparação com 2014. Em junho, a queda foi de 2,9%, a quinta retração seguida neste tipo de confronto.

Jovens

A queda no rendimento real das famílias brasileiras pode estar levando mais pessoas a buscar emprego, especialmente jovens, afirmou Adriana Beringuy. Em junho, a Pesquisa Mensal de Emprego mostrou uma dispensa de 298 mil pessoas em relação a igual mês do ano passado, mas o contingente de desempregados aumentou quase em dobro. Ao todo, 522 mil pessoas engrossaram as filas por um trabalho.

“No ano passado, havia crescimento da população não economicamente ativa, associada a taxas de desocupação mais baixas e também crescimento da renda. Agora, neste ano, já temos uma queda significativa na renda”, explicou Adriana. No mês passado, apesar de um crescimento de 0,8% na renda média real em relação a maio, houve perda de 2,9% ante junho do ano passado, a quinta retração seguida neste confronto, segundo o IBGE.

“Boa parte da renda do domicílio vem do trabalho, e se renda está diminuindo, essa redução pode estar levando pessoas antes na condição de inativos a ir ao mercado de trabalho para recompor esse rendimento domiciliar”, disse a técnica. “E vimos que quem mais exerce pressão hoje são os jovens de 18 a 24 anos”, acrescentou.

Entre os jovens de 18 a 24 anos, a taxa de desemprego, que era de 12,3% em junho do ano passado, saltou a 17,1% em junho de 2015. Para o total da população, a taxa passou de 4,8% para 6,9% no período.

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