A taxa de analfabetismo ainda recua a passos lentos, descendo a 6,6% em 2019. O Brasil ainda tem 11,041 milhões de analfabetos, ou seja, pessoas que já completaram 15 anos de idade sem aprender a ler nem escrever. A imensa maioria deles, cerca de 76%, era de cor preta ou parda. Os dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua: Educação 2019, divulgada nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
"A concentração de analfabetismo tem faixa etária e raça. A taxa de analfabetismo fica mais alta ainda se restrinjo as pessoas de 60 anos ou mais (de idade) e além disso da cor preta ou parda", apontou Adriana Beringuy, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.
Quase seis em cada dez analfabetos no País são moradores da região Nordeste, onde houve ligeira piora no analfabetismo em relação ao ano anterior, contrariando a tendência das outras regiões. A taxa de analfabetismo do Nordeste é mais do que o dobro da nacional: 13,9%, com 6,2 milhões de pessoas nessa condição. Na região Sul, é de apenas 3,30%.
O Brasil já está quatro anos atrasado em relação ao cumprimento da meta do Plano Nacional de Educação (PNE) de reduzir a taxa de analfabetismo a 6,5% em 2015. O PNE também prevê a erradicação do analfabetismo até 2024.
Segundo o IBGE, o analfabetismo vem diminuindo gradualmente no total do País, mas por uma questão demográfica, e não pela escolarização. "O efeito dessa queda é muito mais demográfico do que por introduzir a educação para esse grupo de 60 anos ou mais", lamentou Marina Aguas, analista da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE. "Ainda mais no Nordeste onde o acesso à educação é mais difícil do que nas outras regiões", completou.
O analfabetismo é até três vezes maior entre os idosos do que entre os jovens. Na faixa etária a partir de 60 anos, a taxa de analfabetismo no País foi de 18% em 2019. Entre os idosos pretos ou pardos, o analfabetismo é de 27,1%.
Quanto às diferenças regionais, a taxa de analfabetismo entre idosos alcança 37,2% no Nordeste e 25,5% no Norte. Por outro lado, no Sul e Sudeste, o analfabetismo na terceira idade está abaixo dos 10%.
"Nosso sonho é que exista igualdade de oportunidade de qualquer coisa, inclusive educacional, para todo o País e para todos os grupos. De forma que, no futuro, a gente não veja uma desigualdade tão expressiva como a gente vê quando a gente pega os dados de educação. Não sé de educação, mas mercado de trabalho, qualquer um. O Brasil tem inúmeros Brasis dentro", declarou Marina.