O setor externo deu uma contribuição positiva do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre de 2015, afirmou nesta sexta-feira, 29, Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Segundo ela, a desvalorização do real ante o dólar ajudou a impulsionar os embarques para fora do País, ao mesmo tempo em que inibiu compras.
“O câmbio tem efeito positivo nas exportações e negativo nas importações, embora haja outros efeitos”, contou Rebeca. “Existe expectativa de aumento da demanda de petróleo pela recuperação de economias avançadas, então petróleo foi produto mais exportado”, acrescentou.
As exportações subiram 3,2% no primeiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2014, enquanto as importações caíram 4,7% nesta mesma base de comparação.
O dólar, porém, não foi o único responsável pela melhora dos resultados. “A demanda interna também está mais fraca, afetando importações”, disse Rebeca.
Bens e serviços
Segundo a coordenadora do IBGE, o aumento das exportações de bens e serviços de 3,2% no primeiro trimestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado também teve a influência do câmbio e também da conjuntura internacional.
De acordo com Rebeca, o desempenho favorável das economias mais avançadas teve impacto positivo nas exportações brasileiras. Entre os produtos com destaque, estão petróleo e carvão, siderurgia, têxtil e metalurgia não ferrosos.
No caso das importações, que recuaram 4,7% na mesma base de comparação, a fraca demanda interna puxou o resultado para baixo, com destaques negativos para veículos automotores, equipamentos eletrônicos e máquinas e tratores.
Bens de capital
A Formação Bruta de Capital Fixo registrou queda de 7,8% no primeiro trimestre de 2015, na comparação com o último trimestre de 2014. O resultado foi impactado principalmente pela queda nas importações e da produção interna de bens de capital, diante de um menor ritmo da economia no País.
“Essa queda no investimento é influenciada pelo câmbio, que afeta as importações; e pelo crédito, já que a aquisição e produção de equipamentos é dependente do crédito. Os juros também aumentaram, então está relacionada a uma conjuntura”, afirmou Rebeca.
O segmento também foi influenciado por um desempenho negativo da construção civil, tanto no âmbito privado quanto público.
Segundo o IBGE, o PIB da construção civil recuou 2,9% no primeiro trimestre em relação a igual período do ano passado. “A infraestrutura tem sofrido mais e é maior peso negativo”, afirmou Rebeca.
O IBGE não divulga dados abertos para saber se a baixa na infraestrutura se deve mais ao setor público ou ao setor privado. Apesar disso, a coordenadora afirmou que o emprego na atividade também tem sido afetado, repercutindo sobre o PIB. “A construção civil está tendo queda na ocupação”, disse.