A inflação da indústria acelerou na reta final de 2016, mas o recuo do dólar ao longo dos meses permitiu que encerrasse o ano bem mais branda do que em 2015, explicou Manuel Campos, analista da Coordenação de Indústria do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O Índice de Preços ao Produtor (IPP), que inclui preços da indústria extrativa e de transformação, registrou alta de 1,28% em dezembro, após avanço de 0,78% em novembro. Como resultado, a taxa acumulada em 2016 foi de 1,71%, contra uma alta de 8,8% nos preços dos produtos na porta de fábrica no ano anterior, informou o IBGE.
“Houve uma alta de 47% no dólar ante o real no ano de 2015, o que impulsionou os preços de toda a pauta de exportações brasileiras, como açúcar, soja, laranja, papel e celulose. O câmbio também aumentou os custos de produção naquele ano. Em 2016, ao contrário, o real se valorizou 13,4% ante o dólar”, disse Campos.
Em 2016, 11 das 24 atividades pesquisadas tiveram redução nos preços. Houve impacto da desvalorização do dólar, mas também de preços internacionais. O destaque foi o setor de outros produtos químicos, onde a queda alcançou 12,36%.
“Houve também a competição com itens importados, como adubos, fertilizantes e matérias-primas para a fabricação de plástico”, disse Campos.
Além dos químicos, as quedas de preços mais acentuadas no ano foram em outros equipamentos de transportes (-8,40%), minerais não metálicos (-7,38%), fumo (-6,81%), papel e celulose (-6,05%), couro (-5,44%) e madeira (-4,53%). Todos os setores têm em comum acentuada influência do dólar ou impacto de cotações no mercado internacional.
Na direção oposta, as indústrias extrativas tiveram um salto de 34,37% nos preços, puxado tanto pelo minério de ferro quanto pelo petróleo. Mas foi o aumento de 8,82% nos preços do setor de alimentos que deu a maior contribuição para a inflação da indústria em 2016, com destaque para as pressões exercidas pelo açúcar e pela soja.
Entre as categorias de uso, bens de capital e bens intermediários ficaram mais baratos no ano passado. Por outro lado, os bens de consumo subiram 5,2%.
“Já não é um aumento tão comportado assim, inclui itens como sofá, geladeira, fogão, calçados”, lembrou Campos.