O presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Eduardo Rios Neto, disse nesta segunda-feira que o corpo técnico do órgão "enfrentou as agruras" de dois adiamentos do Censo Demográfico, mas chegou ao melhor formato que se podia imaginar.
"Teremos adversidades, mas estamos preparados para superá-las", acrescentou Rios Neto, em discurso gravado, exibido hoje na cerimônia de abertura da operação do Censo de 2022, no Rio. Ele não compareceu ao evento porque está em Brasília, para fazer pessoalmente a entrevista censitária do presidente Jair Bolsonaro (PL), no Palácio do Planalto, segundo ele uma praxe da operação.
Antes previsto para 2020, o Censo foi adiado para 2021 em função da pandemia e, depois, para 2022, em função de restrições orçamentárias impostas pelo Ministério da Economia. Com dois anos de atraso, a coleta começa hoje, com a pretensão de visitar cerca de 75 milhões de domicílios de todo o País até outubro e com uma dotação orçamentária de R$ 2,3 bilhões para este ano.
"Temos um expresso 2022 saindo direto do Museu do Amanhã, na Praça Mauá (local do evento), para todo o território brasileiro, visitando todos os domicílios do País. Estou muito realizado", disse, ao parafrasear a canção de Gilberto Gil.
"É o início de novos desafios. Um sentimento não só meu, mas de todos os ibegeanos e ibegeanas . Todos que enfrentaram as agruras dos dois adiamentos, as disputas. Mas chegamos ao melhor Censo que podíamos imaginar. Teremos adversidades, mas estamos preparados para superá-las, porque já superamos diversas barreiras até este ponto", disse Rios Neto.
Além do corpo técnico do IBGE, ele agradeceu as contribuições e apoio de escritórios da Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil e, também, ao Ministério da Economia pela verba de realização do Censo Demográfico de 2022.
Ele reiterou o tempo de coleta, entre agosto e outubro, e os primeiros resultados, previstos para o fim de dezembro. "Estou muito convicto de que esse é o caminho", disse. O IBGE espera localizar e entrevistar pessoas em todos os domicílios do País para apontar e mapear as condições de vida de uma população na casa dos 215 milhões de habitantes.
O Censo é cercado de polêmicas, que vão desde o financiamento à definição do questionário, ainda quando foi iniciado seu planejamento pelo IBGE, em 2019. A última delas foi a não inclusão de perguntas sobre gênero, recomendadas por especialistas e órgãos internacionais. O IBGE alegou dificuldade para contemplar esse aspecto a pouco tempo do início dos trabalhos e, também, o fato de um representante da família responder pelo domicílio, o que poderia ofuscar questões de ordem íntima.
Outras dificuldades no caminho do IBGE são o orçamento, corroído pela inflação, e a seleção de recenseadores. Com o Censo na rua, o órgão ainda busca recrutar 15 mil entrevistadores para chegar ao número ideal de 183 mil.