Principal motor do crescimento da ocupação ao longo dos trimestres de retomada da economia, as vagas consideradas informais perderam espaço na geração de empregos no segundo trimestre, mostram os dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada nesta sexta-feira, 29, pelo Instituto Brasileiro de Economia e Estatística (IBGE). O total de trabalhadores informais, de 39,286 milhões, foi recorde desde que o IBGE começou a agregar essas informações, no quarto trimestre de 2015, mas o crescimento desacelerou.
Na comparação com o primeiro trimestre, 1,084 milhão de trabalhadores passaram a atuar na informalidade. Como o crescimento total de ocupados foi de 2,994 milhões de vagas, na mesma base de comparação, os trabalhos informais responderam por 32,6% da expansão em um trimestre. Na comparação com um ano antes, são 3,524 milhões a mais de ocupações tidas como informais.
Segundo Adriana Beringuy, coordenadora de Pesquisas Domiciliares do IBGE, ao longo da retomada após a economia ser atingida em cheio pela pandemia de covid-19, as vagas informais chegaram a responder por "quase 80%" da expansão total da ocupação.
"Embora a informalidade continue em expansão, o fato de termos as vagas com carteira de trabalho aumentando e, nesse segundo trimestre, uma contribuição bastante específica do setor publico, faz com que, relativamente, a informalidade perca um pouco de espaço no processo da expansão da população ocupada", afirmou Beringuy.
Tanto que, apesar do recorde em termos de contingente, a taxa de informalidade ficou em 40,0% do total da população ocupada no segundo trimestre, abaixo dos 40,1% dos três primeiros meses deste ano, e igual à verificada no segundo trimestre de 2021.
Entre os informais, mais uma vez, o destaque foram os trabalhadores por conta própria – normalmente, esses empregados trabalham na informalidade. No segundo trimestre, 25,714 pessoas ocupavam vagas do tipo no País. Na comparação com o primeiro trimestre, o número de ocupados por conta própria cresceu em 431 mil pessoas, avanço de 1,7%. Na comparação com o segundo trimestre de 2021, são 1,071 milhão de trabalhadores por conta própria a mais, alta de 4,3%.
<b>Carteira assinada</b>
O total de trabalhadores com carteira assinada ficou em 35,782 milhões de pessoas no segundo trimestre, conforme a Pnad Contínua agora divulgada pelo IBGE.
A variação da população ocupada nessas condições aponta para a criação de 908 mil vagas no setor privado com carteira em um trimestre, avanço de 2,6% ante o primeiro trimestre. Na comparação com um ano antes, são 3,685 milhões de trabalhadores com carteira assinada a mais, alta de 11,5%.
Os dados são diferentes, tanto em termos de metodologia quanto de período de referência, das informações do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), registro administrativo de responsabilidade do Ministério do Trabalho e Previdência. Em junho, o Caged registrou a geração de 277.944 vagas com carteira assinada, conforme os dados divulgados na quinta-feira, 28. Com isso, o primeiro semestre terminou com um saldo líquido de 1,3 milhão de postos de trabalho formal, nos registros do Caged.
<b>Taxa de subutilização</b>
No segundo trimestre, faltou trabalho para 24,736 milhões de pessoas no País, segundo os dados da Pnad Contínua. Diante desse contingente, a taxa composta de subutilização da força de trabalho passou de 23,2% no primeiro trimestre para 21,2% no segundo trimestre, o menor nível desde 2016, segundo o IBGE.
O indicador inclui a taxa de desocupação, a taxa de subocupação por insuficiência de horas e a taxa da força de trabalho potencial, pessoas que não estão em busca de emprego, mas que estariam disponíveis para trabalhar. No segundo trimestre de 2021, a taxa de subutilização da força de trabalho estava em 28,5%.