Os preços da indústria de refino de petróleo e biocombustíveis e da indústria de alimentos puxaram a alta de 1,0% no Índice de Preços ao Produtor (IPP) em junho ante maio, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta-feira, 28. O IPP mede a evolução dos preços de produtos na "porta da fábrica", sem impostos e fretes, da indústria extrativa e de 23 setores da indústria de transformação.
Na alta de 1,0% em junho, refino de petróleo e biocombustíveis teve impacto positivo de 0,52 ponto porcentual (p.p.), diante da variação de 4,05% nos preços médios. Os alimentos tiveram impacto de 0,46 p.p., diante da alta de 1,99% em junho.
Segundo o IBGE, a alta de 4,05% nos preços da indústria de refino de petróleo e biocombustíveis fez acelerar tanto o acumulado no ano (de 26,37%, em maio, para 31,48%) quanto o acumulado em 12 meses (de 53,79% para 59,69%). Além de ter tido o maior impacto na variação mensal, o segmento puxou o IPP acumulado no ano (com impacto positivo de 3,5 p.p. na alta de 10,12%) e no acumulado em 12 meses (impacto positivo de 5,9 p.p. na alta de 18,78%).
"Chama a atenção que um único produto, entre os destacados, teve variação negativa de preços, "álcool etílico (anidro ou hidratado)" – acompanhando o fim da colheita de cana-de-açúcar", diz a nota divulgada pelo IBGE.
Os preços da indústria de alimentos também aceleraram em junho, já que a alta de 1,99% no mês passado foi a quinta alta seguida. Conforme o IBGE, o acumulado no ano saiu de 5,72%, em maio, para 7,83% em junho, enquanto o acumulado em 12 meses foi de 15,46% para 17,92%, maior resultado desde dezembro de 2021, quando fechou o ano em 18,66%.
"Os produtos lácteos se destacaram em termos de variação. No indicador mensal e no acumulado no ano, os quatro produtos destacados são derivados do leite. No acumulado em 12 meses, dos quatro produtos destacados, dois são lácteos. Já, em termos de influência, nos três indicadores, e sempre com influência positiva, aparece leite esterilizado/UHT/Longa Vida", diz a nota da IBGE.
<b>Veículos</b>
Os preços de veículos "na porta das fábricas" ficaram 0,93% mais caros em junho, o 24º mês seguido de alta, mostram os dados do IPP. Nos dois anos de inflação dos carros, os preços subiram 30,79%.
A inflação ininterrupta se dá em meio ao travamento das cadeias globais de produção, causado por gargalos logísticos do comércio internacional e pela escassez de insumos, como microchips, ambos associados aos desequilíbrios econômicos provocados pela pandemia de covid-19, e reforçados pela guerra na Ucrânia.
"Vale lembrar que, durante esse período, o setor tem observado um aumento de custos em sua cadeia produtiva, em especial de insumos eletrônicos, por conta da crise de semicondutores", diz a nota do IBGE.
A inflação de bens industriais é global, se espalha por praticamente todos os países, e ocorre após décadas de preços comportados, na esteira da escalada da produção industrial da China e seus países vizinhos na Ásia. A indústria automotiva tem sido uma das mais afetadas, por causa da quantidade de componentes embarcados nos carros.
Especificamente em junho, quatro produtos responderam por 0,83 ponto porcentual da alta de 0,93% da indústria de veículos automotores, informou o IBGE. São eles "sistemas de marcha e transmissão para veículos automotores", "automóvel passageiro, a gasolina ou bicombustível", "caminhão-trator, para reboques e semirreboques" e "peça sist. direção/suspensão para veíc. automotor exc. mola".
O grupo econômico "fabricação de automóveis, camionetas e utilitários" apresentou, em junho, variação de 0,52% frente a maio, também o 24º resultado positivo consecutivo.
<b>Bens de capital</b>
Os bens de capital ficaram 0,98% mais caros na porta de fábrica em junho, segundo os dados do Índice de Preços ao Produtor (IPP). O resultado ocorre após os preços terem subido 2,02% em maio.
Os bens intermediários subiram 1,04% no IPP de junho, ante uma alta de 2,29% em maio. Já os preços dos bens de consumo subiram 0,92% em junho, depois de uma alta de 0,94% em maio.
Dentro dos bens de consumo, os bens duráveis tiveram elevação de 0,48% em junho, ante alta de 0,62% no mês anterior. Os bens de consumo semiduráveis e não duráveis subiram 1,01% em junho, após a elevação de 1,0% registrada em maio.