Economia

IBGE: queda de 4,8% nos bens de consumo semi e não duráveis em 12 meses é recorde

O crédito escasso e mais caro, a incerteza do consumidor, o aumento do desemprego e a queda na renda das famílias têm afetado cada vez mais a produção dos bens de consumo semi e não duráveis, mais sensíveis à evolução dos rendimentos dos brasileiros por incluírem bens essenciais. Em 12 meses até agosto, a categoria acumula retração de 4,8% na produção, a maior da série histórica, iniciada em dezembro de 2003, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Com o mercado de trabalho se comportando de maneira menos favorável do que foi no passado e a inflação mais alta, tudo isso tem reflexo mais direto sobre a renda das famílias. É claro que esses segmentos mais ligados à renda vão mostrar também um desempenho negativo”, disse André Macedo, gerente da Coordenação de Indústria do IBGE.

Os bens de consumo semi e não duráveis incluem desde alimentos até itens de vestuário e calçados. Como eles são tidos como mais essenciais às famílias, a queda na produção demorou mais tempo para ocorrer. Agora, porém, o sinal negativo aponta que até mesmo esses segmentos estão em dificuldades. Só os calçados, por exemplo, tiveram queda de 6,4% entre maio e agosto deste ano ante igual período do ano passado. No primeiro quadrimestre, a retração era de 2,6%.

O abate de animais, principalmente bovinos, também apresentou forte queda, de 11,0% no segundo quadrimestre do ano, intensificando o ritmo do recuo, que foi de 7,0% nos primeiros quatro meses de 2015 (sempre na comparação com igual período de 2014). Um sinal de que os consumidores estão repensando suas compras de forma a adequá-las à nova realidade do orçamento familiar.

“A incerteza do consumidor faz com que ele adie o consumo, e é isso que está por trás dos bens de consumo, tanto duráveis quanto semi e não duráveis”, explicou Macedo.

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