Estadão

Ibovespa abre em queda e amplia correção após IPCA-15 mais forte

O Ibovespa abriu a sessão desta quarta-feira, 25, com claros sinais de correção após a véspera quando avançou perto de três mil pontos, com alta de 2,33% (120.2010,75 pontos). A queda vinha sendo limitada pela virada ao positivo dos pares de referência em Nova York, o avanço das cotações das commodities e o dólar em baixa frente ao real, destoando do comportamento da divisa frente a pares emergentes. No entanto, a inflação mais forte do que o esperado abriu espaço para maior cautela.

O IPCA-15 veio acima (0,89%) da mediana das expectativas (0,84%) e, puxado especialmente pela alta da energia elétrica, já chega à marca de dois dígitos em 12 meses em quatro locais pesquisados em agosto: Porto Alegre (10,37%), Goiânia (10,67%), Fortaleza (11,37%) e Curitiba (11,43%).

Os agentes de mercado ficam de olho na forte agenda econômica doméstica, ainda com os olhares voltados ao noticiário político, uma vez que o grau de incertezas segue alto. Sem consenso para aprovar a reforma do Imposto de Renda, o ministro da Economia, Paulo Guedes, disse ontem que aceita fazer uma reforma tributária mais ampla, desde que conte com o apoio dos municípios. Se não haver aumento de arrecadação com essa reforma do IR, fica difícil achar espaço para elevar os gastos com o Bolsa Família, programa para o qual o presidente Jair Bolsonaro já disse que quer aumento de 50%.

E, após baixar a temperatura de suas próprias declarações anteriores sobre a dificuldade de conter as expectativas de inflação diante de um cenário de descontrole fiscal, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa hoje de outro seminário na parte da tarde. As declarações mais amenas do comando da autoridade monetária em conjunto com as indicações pró-fiscal do presidente da Câmara, Arthur Lira, trazem aos investidores novos ânimos para tentar aproveitar o ainda existente bom humor externo.

No exterior, relatório do Departamento Econômico do Bradesco chama atenção para o sentimento de cautela em um ambiente no qual o dólar ganha força ante as demais moedas nesta manhã. Mais cedo, as bolsas europeias perderam força, após o índice IFO de confiança empresarial da Alemanha surpreender negativamente no resultado de agosto.

O avanço da variante delta do coronavírus segue no radar dos investidores, mas o foco internacional se mantém voltado para o simpósio anual de Jackson Hole do Fed, na sexta-feira, 27, que pode trazer sinais adicionais sobre os próximos passos da política monetária norte-americana. Por fim, os preços do petróleo avançam, com investidores de olho no dado semanal de estoques nos EUA.

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