O Ibovespa adotou uma série de máximas na manhã desta sexta-feira e avançando acima dos 113 mil pontos, com movimento puxado especialmente por ações ligadas ao setor de commodities, ainda que o petróleo esteja instável no exterior. Em meio a uma onda de críticas após reajustar os preços dos combustíveis, a Petrobras voltou a se pronunciar hoje sobre o assunto. Ressaltou que não repassou de imediato o aumento dos preços do petróleo no mercado internacional e que os valores reajustados representam apenas parte da forte alta da commodity.
Às 11h12, o Ibovespa subia 0,78%, aos 113.959,30 pontos, ante máxima aos 114.055,80 pontos (alta de 0,85%).
Em Nova York, os índices também ganhavam força. "Em parte aqui sobe por ações ligadas a commodities, com a China incentivando a economia e pela expectativa de que uma solução da guerra esteja menos distante", avalia Mauro Morelli, estrategista-chefe da Davos Investimentos. Petrobras subia 2,33% (PN) e 1,73% (ON), enquanto Vale tinha alta de 0,75%.
O alivio na curva de juros também ajuda o Ibovespa. "Isso permite recuperação. Também tivemos muita notícia positiva ao longo da semana, que são boas para empresas exportadoras, como a de que a China dará sustentação ao mercados de capitais. Ações desse segmento têm sido o porto seguro da Bolsa, de fato. Porém, há algumas que estão muito amassadas , caso de consumo. Com queda dos juros, pode ser que alivie", afirma Edmar de Oliveira, operador da mesa de renda variável da One Investimentos.
Contudo, fica no radar a falta de avanço nas negociações russo-ucranianas sobre um cessar-fogo pesa nos mercados de ações da Europa e dos Estados Unidos. Isso pode atrapalhar a melhora dos mercados, bem como o vencimento de opções sobre ações na B3 e o vencimento quádruplo nos Estados Unidos gerar instabilidade.
O minério fechou em alta de 3,44%, a US$ 150,05 por tonelada no porto chinês de Qingdao, ainda de olho em medidas expansionistas na China. O petróleo, por sua vez, sobe moderadamente, mas com a cotação do tipo Brent perto de US$ 107 o barril. A valorização respalda ganho das ações da Petrobras. No entanto, riscos políticos na Petrobras prosseguem, e estão no radar.
A agenda hoje também é esvaziada, exceto pelos resultados corporativos no Brasil, com destaque para B3 e Eletrobras. Porém, ficam expectativas pela conversa entre os presidentes dos Estados Unidos, Joe Biden, e da China, Xi Jinping, sobre a guerra na Ucrânia e questões comerciais.
"Para hoje, a conversa entre os presidentes Biden e Xi Jinping será monitorada, tendo em vista o papel relevante da China neste processo. Tem sido elevadas as preocupações do governo norte-americano com um possível suporte de Pequim ao Kremlin, tema que será abordado", avalia em relatório o economista Silvio Campos Neto, sócio da Tendências Consultoria.
Outro foco de atenção fica no Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), especialmente nas palavras de dirigentes da autoridade monetária, após o primeiro aumento dos juros americanos desde 2018.
Nesta manhã, o presidente da distrital do Fed em St. Louis, James Bullard, defendeu em comunicado que o banco central americano deveria ter elevado seus juros de forma mais agressiva, em 0,50 ponto porcentual, esta semana.
No Brasil, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que a taxa de desemprego no trimestre finalizado em janeiro ficou em 11,2%, pouco abaixo da mediana de 11,3% das projeções (10,7% a 11,8%).
Ao mesmo tempo, ficam no radar medidas do governo para tentar estimular a economia. O IOF para operações de combate à escassez hídrica, por exemplo, foi zerado, e ainda foi lançado um pacote de "bondades" que, segundo o secretário especial do Ministério da Economia, Adolfo Sachsida, não terá impacto na inflação. Candidato à reeleição, o presidente Jair Bolsonaro lançou ontem um conjunto de medidas batizado como Programa Renda e Oportunidade, que injetará R$ 165 bilhões na economia.
Os resultados corporativos devem movimentar os negócios na Bolsa. Saíram os números da B3, CPFL, Energisa, Cyrela, Eztec, Renner, Grupo Soma e BRMalls. Já Eletrobras divulga os seus dados após o fechamento da B3.