O Ibovespa piorou à tarde e não conseguiu reter a linha dos 111 mil pontos – vista no intradia pela terceira sessão seguida -, tendo lutado em parte do dia contra o sinal externo, negativo, mirando nos melhores momentos o maior nível de encerramento desde 1º de fevereiro, então aos 112 mil.
Hoje, entre piso de 109.713,06 (-0,45%) e máxima de 111.324,70 pontos, o índice acompanhou Nova York nas mínimas do dia no meio da tarde, e fechou em baixa de 0,26%, aos 109.928,53 pontos. O giro subiu a R$ 24,3 bilhões na sessão. Na semana, o Ibovespa cede agora 0,74%, mas ainda avança 5,26% no mês e 0,18% no ano.
Entre as ações de maior peso e liquidez, as da Petrobras (ON +2,08%, PN +2,46%) e dos grandes bancos (BB ON +2,35%, Bradesco PN +0,82%) foram o contraponto ao efeito de Vale (ON -2,26%) na sessão, refletindo queda de quase 3% do minério na China (Dalian), no limiar de US$ 100 por tonelada, em meio a dúvidas sobre a demanda.
Na ponta do índice, destaque para Suzano (+1,51%), além de Banco do Brasil e das duas ações da Petrobras, que lideraram os ganhos no fechamento. No canto oposto, BRF (-4,91%), com o "estado de emergência zoossanitária" em todo o território nacional por 180 dias, por gripe aviária, o que afetou também as ações de outros frigoríficos, como Marfrig (-5,18%), maior queda na sessão. Destaque também na ponta perdedora para CVC (-5,00%), Usiminas (-4,46%) e Magazine Luiza (-3,68%).
O "estado de emergência" foi decretado ontem pelo Ministério da Agricultura para monitorar casos de infecção pelo vírus da influenza aviária no Brasil. A notícia havia sido antecipada pelo Broadcast Agro, antes da publicação da decisão em edição extra do Diário Oficial da União.
Por outro lado, o bom desempenho de Petrobras, hoje, decorreu do avanço acima de 1% para os preços da commodity, com declarações do ministro de Energia da Arábia Saudita. De acordo com a Reuters, o ministro saudita, Abdulaziz bin Salman, endureceu nesta terça-feira o tom contra os vendedores a descoberto no mercado de petróleo, e os aconselhou a ficarem atentos, poucos dias antes da reunião da Opep+.
Os vendedores a descoberto são investidores que apostam na queda dos preços do petróleo e, portanto, quando um movimento inesperado da Opep+ para cortar a produção causa um rali, são forçados a fechar posições com prejuízo. Os membros do cartel do petróleo devem se reunir em 4 de junho em Viena, Áustria.
Mesmo com apoio do petróleo e das ações da Petrobras nesta terça-feira, o Ibovespa emendou o segundo dia negativo, em grau moderado em ambas as sessões. Ainda assim, foi a primeira vez desde o início do mês, nas sessões dos dias 2 e 3 de maio, que o índice colhe dois reveses consecutivos.
De forma geral, "o sentimento externo continua negativo com a demora para definição do aumento do teto da dívida americana, e hoje também com índices de atividade mais fracos (PMI) na zona do euro – exceção positiva para o Japão, onde não chegou a fazer preço, na Ásia", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
"Aqui, existe uma percepção mais favorável sobre o fiscal, com a expectativa de que o arcabouço avance com celeridade, sem grandes transformações no texto. Passando o arcabouço, a expectativa se volta para a reforma tributária, e para uma agenda que possa melhorar o segundo semestre", acrescenta o analista, observando que a recente moderação na curva de juros doméstica contribuiu para o apetite por ações na B3.
"O fechamento da curva de juros e a recuperação do mercado acionário têm embutido o otimismo para a aprovação do arcabouço. As sondagens mostram avanço do apoio na Câmara, em uma votação que exige maioria absoluta", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos.