Com volume ainda mais reduzido do que as já enfraquecidas médias recentes, o Ibovespa encerrou a semana pré-Páscoa abaixo dos 101 mil pontos, em dia de movimentos mais acomodados também nas praças do exterior. Os investidores aguardam os dados oficiais sobre o mercado de trabalho americano em março, amanhã, quando não haverá negócios em Nova York e em diversas outras bolsas, especialmente na Europa.
Na expectativa para um payroll considerado peça-chave para a próxima deliberação do Federal Reserve sobre juros, no início de maio, o Ibovespa fechou esta quinta-feira em baixa de 0,15%, aos 100.821,73 pontos, entre mínima de 100.442,96 e máxima de 101.627,96, saindo de abertura aos 100.977,85 pontos. O giro desta quinta-feira foi de R$ 16,9 bilhões. Na semana, o Ibovespa recuou 1,04%, após ter avançado 3,09% na anterior, quando havia quebrado uma sequência de cinco perdas semanais.
Em um cenário de desaceleração da atividade global, de juros ainda pressionados no mundo desenvolvido como no emergente, e de incertezas, no ambiente doméstico, quanto à forma como o governo sustentará um arcabouço fiscal construído sobre ampliação de receitas, não em corte de gastos, os descontos vão se acumulando na Bolsa sem perspectiva de recuperação no curto prazo, mesmo com diversas portas de entrada oferecidas por valuations deprimidos.
Assim, neste começo de abril, até o dia 4, investidores institucionais e estrangeiros sacaram R$ 2,3 bilhões da B3, enquanto as pessoas físicas ingressaram com apenas R$ 100 milhões no intervalo, um volume de entrada bem tímido, considerando giro diário já muito enfraquecido quando contraposto às médias do ano passado.
Sem força compradora, o mercado observa níveis técnicos do Ibovespa, que desde o fim de março tem oscilado pontualmente para baixo dos 100 mil pontos. "O nível dos 100 mil é uma linha psicológica, mas o suporte importante é o dos 98,8 mil pontos que, se perdido, pode levar o Ibovespa aos 95,7 mil", diz Lucas Mastromonico, operador da renda variável da B.Side Investimentos.
"O dia foi de ajuste de posições por conta do feriado. Na Europa, contribuiu para desempenho positivo na sessão a produção industrial da Alemanha, em alta de 2% em fevereiro ante janeiro. No Brasil, os investidores continuam aguardando novos detalhes sobre o arcabouço fiscal e também sobre os passos do governo com relação a eventual mudança na política de preços da Petrobras. Sobre o arcabouço, o ministro Fernando Haddad tem insistido que as medidas implicam redução de juros", diz Judah Victor de Carvalho Nunes, especialista em renda variável da Blue3.
Na incerteza sobre a política de preços, as ações de Petrobras andaram, mas bem abaixo do ganho de 6% acumulado pelo petróleo na semana, aberta com um forte catalisador para os preços, de domingo para a segunda-feira: a confirmação de corte da produção pela Opep+, de mais de 1 milhão de barris/dia, em novo esforço coletivo do cartel para sustentar preços, afetados por perspectiva de desaceleração do ritmo de atividade econômica global.
Na B3, Petrobras ON e PN acumularam na semana ganho de 2,23% e 2,35%, respectivamente – hoje, a primeira fechou em baixa de 1,17% e a segunda, de 1,44%. A sessão foi negativa para outras referências das commodities, com Vale ON em baixa de 0,18% e perdas na siderurgia de até 0,88% (CSN ON). O dia foi ruim também para os grandes bancos, com Bradesco (ON -0,94%, PN -1,44%) à frente.
Nesta quinta, 6, em café da manhã com jornalistas, o presidente Lula disse que a mudança na política de preços da Petrobras ainda não está em discussão no governo. "A política de preços será discutida pelo governo no momento em que o presidente da República convocar o governo para discutir. Enquanto o presidente da República não convocar, a gente não vai mudar o que está funcionando hoje", afirmou.
Na ponta do Ibovespa na sessão desta sexta-feira, destaque para recuperação em alguns nomes do setor de consumo, que haviam cedido terreno no dia anterior, como Alpargatas (+5,04%) e Arezzo (+4,71%), ao lado de Lojas Renner (+4,94%) e 3R Petroleum (+4,84%). No canto oposto, Natura (-5,49%), Totvs (-4,08%), Méliuz (-3,26%), JBS (-2,50%) e Assaí (-2,43%).
O quadro das expectativas para o desempenho das ações no curtíssimo prazo manteve-se relativamente estável no Termômetro Broadcast Bolsa desta quinta-feira em comparação ao levantamento da semana passada. Entre os participantes, 62,50% têm a percepção de que a próxima semana será de ganhos para o Ibovespa, frente a 57,14% na pesquisa anterior. Os que esperam estabilidade, que eram 28,57%, agora são 25,00%. A fatia dos que preveem perdas caiu de 14,29% para 12,50%.