O Ibovespa orbitou a estabilidade na maior parte desta quarta-feira, 5, tendo lutado até o início da tarde para obter o primeiro fechamento positivo desde 27 de maio, o que o faria interromper série de cinco perdas diárias. O índice se manteve entre mínima de 121.253,01 (-0,45%) e máxima de 122.170,07 pontos (+0,30%), encerrando ainda em baixa de 0,32%, aos 121.407,33 pontos, com giro a R$ 19,6 bilhões nesta sexta sessão de revés para o Ibovespa. Na semana e no mês, a referência da B3 recua 0,57%, elevando a perda do ano a 9,52%.
Nesta quarta, mais uma vez, o Ibovespa não conseguiu acompanhar o sinal positivo de Nova York, onde os ganhos chegaram a 1,96% (Nasdaq) no fechamento – em renovação de máxima histórica tanto para o índice de tecnologia como para o amplo (S&P 500, em alta de 1,18% na sessão).
Em NY, o avanço do apetite por risco tem sido favorecido pelo prosseguimento da correção, em baixa, nos rendimentos dos Treasuries, em meio a sinais mistos nos dados americanos mais recentes, que mantêm sobre a mesa a chance de um ou talvez dois cortes de juros pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) ainda este ano.
Na B3, as perdas de Vale (ON -1,42%) – a ação de maior peso individual no índice, e que tem refletido a correção do minério na China (nesta quarta -1,84%, a US$ 113,93 por tonelada em Dalian) – impuseram-se ao sinal misto em Petrobras (ON -0,17%, PN +0,13% no fechamento). Mais cedo, as ações da estatal tentavam acompanhar, ainda que ao longe, a recuperação parcial – na casa de 1% – nos preços do petróleo, também com dados da China, após cinco sessões negativas para a commodity.
Na noite da terça, o Índice de Gerentes de Compras (PMI) do setor de serviços na China ficou acima do esperado para maio, com expansão da atividade, agora no maior nível desde julho de 2023. A leitura deu respiro parcial ao petróleo na sessão. Mas, contribuindo para a imposição do sinal de baixa ao Ibovespa, as ações de grandes bancos passaram a cair em bloco no meio da tarde, após indecisão mais cedo, à exceção de leve ganho, de 0,22%, para BB ON, no fechamento. Na ponta ganhadora do índice, destaque para Magazine Luiza (+4,64%), Sabesp (+4,47%) e Azul (+2,18%). No lado oposto, Petz (-4,32%), Cogna (-3,72%) e PetroReconcavo (-3,37%).
"Mercado ainda muito fraco. Fica claro que, desde a última reunião do BC sobre a Selic, houve desancoragem das expectativas, inclusive de inflação, com elevação na ponta longa da curva de juros doméstica, o que distancia a Bolsa do que se vê nos índices de ações em Nova York – onde as variáveis de crescimento mostram arrefecimento da economia americana, inclusive no emprego, melhorando a perspectiva dos juros, lá", diz Felipe Moura, analista da Finacap Investimentos.
"Embora tenha esboçado alta mais cedo, o Ibovespa voltou a fechar em baixa, com o clima interno pesando, depois da MP do PIS/Cofins apresentada na terça à noite pelo governo para compensar, de certa forma, a desoneração da folha. Ruídos fiscais reduzem o apelo das empresas brasileiras, tanto para o investidor local como para o externo, mesmo quando se considera o nível atrativo em que os ativos já estão. Lá fora, os sinais têm sido mais favoráveis quanto aos juros nos Estados Unidos. Mas o preço do minério na China não tem contribuído, fazendo com que a ação da Vale acumule perdas, cotada agora a R$ 60", enumera Rodrigo Moliterno, head de renda variável da Veedha Investimentos, referindo-se também a perda de 4,48% acumulada pelas ações da mineradora nessas três primeiras sessões de junho.
"O dado de emprego nos Estados Unidos divulgado pela manhã da ADP referente a maio, mais fraco, acabou por firmar os índices de Nova York em alta, com destaque ainda para o setor de tecnologia, no Nasdaq. No Brasil, o dólar foi nesta quarta a R$ 5,30 durante a sessão, com apreciação da moeda norte-americana também frente a divisas fortes, no índice DXY. O payoll, na sexta-feira, deve ser o definidor da semana", diz Wagner Varejão, especialista da Valor Investimentos, referindo-se ao relatório oficial sobre o mercado de trabalho nos Estados Unidos, também referente a maio, que será conhecido na última sessão da semana – e que pode contribuir para firmar opinião dos investidores quanto ao cenário para os juros norte-americanos.