O Ibovespa acentuou um pouco as perdas à tarde, encerrando abaixo do limiar de 126 mil, no menor nível desde 3 de julho, então a 125,6 mil pontos. Hoje, oscilou em margem relativamente mais ampla do que a do dia anterior, entre mínima de 125.626,28 e máxima de 126.422,73, correspondente à abertura. E fechou em baixa de 0,37%, a 125.954,09 pontos, com giro a R$ 17,5 bilhões. Na semana, recua 1,30%, sustentando ganho de 1,65% no mês – no ano, cai 6,13%.
Na B3, o desempenho de Petrobras (ON -0,42%, PN -0,13%) e dos grandes bancos (Santander Unit -2,43%, Bradesco PN -1,59%, Itaú PN -0,44%) prevaleceu sobre o avanço do setor metálico, com exceção de CSN (ON -0,25%) e de Vale (-0,05%), à espera do balanço do segundo trimestre da mineradora, nesta noite. No segmento metálico, destaque para Gerdau (PN +2,06%) e Usiminas (PNA +2,10%) no encerramento. Na ponta ganhadora do Ibovespa, Lwsa (+3,01%), Lojas Renner (+2,41%), além de Usiminas e Gerdau. No lado oposto, Vamos (-3,55%), Carrefour (-2,92%), PetroReconcavo (-2,82%), Sabesp (-2,78%) e Arezzo (-2,51%).
Foi a terceira perda consecutiva para o índice da B3, algo não visto desde a transição de maio para junho, há quase dois meses. Desde que foi interrompida a série de 11 ganhos diários, em 16 de julho, foram oito sessões, com seis perdas e apenas dois avanços, ambos sutis: +0,26%, no dia 17, e +0,19%, na última segunda-feira. No mesmo intervalo, houve duas quedas mais agudas, nos dias 18 (-1,39%) e 23, anteontem (-0,99%). Assim, em relação ao pico mais recente, de 17 de julho, a 129.450 pontos no fechamento, o Ibovespa retrocede quase 3,5 mil pontos.
"Iniciada ainda na semana passada, a toada de correção na Bolsa prosseguiu hoje, com dois vetores principais: o próprio movimento de alta acumulada desde meados de junho, com o relativo alívio das preocupações fiscais; e o cenário externo, que tem se mostrado menos favorável", diz Felipe Moura, analista da Finacap, destacando também o início de nova temporada de balanços, referentes ao segundo trimestre, o que traz um pouco mais de volatilidade ao momento.
"A temporada doméstica de resultados trimestrais será importante para atualização de números e para ver como ficará o <i>valuation</i>, considerando que a Bolsa permanece em patamar muito depreciado", acrescenta.
No cenário doméstico, há também retomada da "pauta fiscal", com grau maior de questionamento em relação a como o contingenciamento de gastos será cumprido. "São esforços válidos que acalmaram muito os ânimos, mas há um certo ceticismo por parte dos investidores, o que explica esses prêmios de risco ainda elevados", diz o analista, ressaltando que o dólar segue "estressado" também por questões externas, com a moeda americana avançando ante referências globais e de emergentes.
Para Matt Peron, head global de Soluções na Janus Henderson, a leitura do PIB dos Estados Unidos referente ao segundo trimestre foi "significativamente mais forte do que o esperado, com a maior parte da surpresa por conta do aumento de estoques e do crescimento no consumo pessoal". Embora o resultado possa vir a ser revisado, ressalva Peron, a leitura desta manhã apoia a narrativa de pouso suave para a economia americana, que corresponde a "nosso cenário-base", acrescenta em nota.
"Deve proporcionar algum alívio aos mercados, ao mostrar que o segundo trimestre foi, de forma geral, sólido. No entanto, observamos que a economia parece estar desacelerando, o que pode causar volatilidade contínua nos próximos meses", pontua.
Na agenda doméstica desta quinta-feira, destaque para o IPCA-15, a prévia da inflação oficial de julho. A leitura preliminar, a 0,30%, foi a maior para o mês desde 2021, então a 0,72%. E fez a taxa acumulada em 12 meses acelerar de 4,06% em junho para 4,45% em julho, conforme divulgou o IBGE. Em julho de 2023, o IPCA-15 tinha registrado queda de 0,07% e, em julho de 2022, houve alta de 0,13%.
"A prévia da inflação de julho trouxe surpresas altistas pontuais, porém fica a dúvida sobre a duração do efeito delas", observa em nota Andréa Angelo, estrategista de inflação da Warren Investimentos. "A surpresa de +10 bps pontos-base em relação ao esperado por nós é justificada, em maior medida, por passagem aérea e gasolina", acrescenta.
Por outro lado, Angelo destaca também "notícias positivas" na leitura preliminar de julho. "Os serviços intensivos em mão de obra vieram em linha com o esperado. Na métrica dessazonalizada e anualizada, este grupo apresentou alta de 5,11%, vindo de 5,57%, revertendo o movimento de aceleração", aponta. "Vale comentar que as medidas de difusão e medianas mostram a inflação lateral, ou seja, explicam que o dado de hoje tem avaliação de aceleração pontual".
No front fiscal, em Brasília, a equipe econômica admite não haver condições de suportar aperto de R$ 25 bilhões caso não haja definição da compensação para a desoneração da folha de pagamentos no Orçamento de 2025, apurou o Broadcast.
Na reta final da elaboração do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA), que precisa ser enviado ao Congresso até 31 de agosto, impera a avaliação de que essa peça já é bastante desafiadora, assim como a meta de déficit zero fixada para o próximo ano. Caso não haja acordo para compensar a desoneração, não haverá espaço no orçamento para abarcar a renúncia, reportam da capital as jornalistas Fernanda Trisotto e Giordanna Neves, do Broadcast.