Estadão

Ibovespa cai 0,61%, a 117,2 mil pontos, apesar de alta acima de 3% em Vale

Mantendo viés negativo pelo segundo dia – e, como ontem, com máxima correspondendo à abertura -, o Ibovespa cedeu 0,61%, a 117.219,95 pontos no fechamento desta terça-feira, em sessão na qual havia chegado, na mínima intradia, ao menor patamar desde 9 de junho, hoje a 115.703,93 pontos. O giro foi a R$ 27,4 bilhões. Na semana, o Ibovespa cai 1,41% e, no mês, perde 0,73% – no ano, avança 6,82%.

Ao se manter em baixa ao longo das duas últimas sessões, o índice de referência da B3 quebra padrão que havia prevalecido entre 28 de junho e 7 de julho, quando alternou ganhos e perdas diários, dentro da faixa de 116 mil a 119 mil pontos nesses fechamentos.

Entre as ações de maior peso e liquidez, destaque nesta terça-feira para Petrobras (ON -0,78%, PN -1,35%), apesar de avanço, na casa de 2%, para o petróleo na sessão, que reaproximou o Brent da linha de US$ 80 por barril. As ações da estatal refletiram reação à due diligence solicitada pela Petrobras na Braskem, para eventual tag along na venda de ações da Novonor na Braskem (PNA -2,03%).

"Tag along nada mais é do que uma garantia para os minoritários de que possam deixar a sociedade, caso o controle seja transferido para uma nova empresa", explica Gabriel Meira, sócio da Valor Investimentos.

"Para Braskem, é compreensível a reação negativa nas ações hoje: sem possibilidade de upside no curto prazo, na medida em que esse processo de venda deve se arrastar por mais uns meses. Mas, para Petrobras, a reação poderia ter sido positiva: a priori, é mais uma aquisição, e com alavancagem ínfima. Não há dificuldade para levar a Novonor, com a Petrobras conseguindo cobrir qualquer oferta com muita facilidade", acrescenta.

Assim, em dia negativo para Petrobras e também para os grandes bancos (Itaú PN -1,76%, BB ON -1,43%), à exceção de Bradesco PN (+0,06%), a forte recuperação em Vale (ON +3,29%), na esteira de estímulos concedidos pelo BC chinês ao problemático segmento imobiliário do país, contribuiu para impedir que o Ibovespa levasse as perdas do dia mais adiante. Embora em menor medida, o desempenho de outros nomes do setor metálico na B3 nesta terça-feira, como CSN (ON +0,73%) e Gerdau (PN +0,27%), também contribuiu para mitigar as perdas do Ibovespa na sessão.

Na ponta do índice, além de Vale, destaque para IRB (+4,41%) e Prio (+3,06%). No lado oposto, Gol (-5,88%), Minerva (-3,93%) e Méliuz (-3,37%). "No acumulado deste ano, as ações da Vale ainda registram queda de mais de 20%, descontadas frente aos pares", observa Julia Monteiro, analista da MyCap.

Destaque da agenda doméstica pela manhã, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de junho deixou a impressão de que o processo de desinflação segue em curso, ainda que a retração de 0,08% observada no mês tenha sido menos visível do que se antecipava (Projeções Broadcast -0,10%).

Para o Bank of America (BofA), a leitura de junho mantém espaço para que o BC corte em 0,50 ponto porcentual a Selic na reunião do Copom em agosto, enquanto, para o Goldman Sachs, o ciclo de cortes de juros no Brasil deve começar mesmo no próximo dia 2, mas em dose menor: redução de 25 pontos-base.

"O IPCA veio um pouco fora da expectativa, mas o movimento, o sentimento geral, é de melhora relevante em relação às últimas semanas e meses, com a aprovação da reforma tributária ainda sendo um fator que auxilia a resiliência do Ibovespa nessa faixa que tem prevalecido, após uma recuperação de quase 20% nos últimos dois meses", diz Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos, destacando também a relativa acomodação dos juros futuros.

Apesar de a deflação de junho ter sido mais discreta do que se projetava, a leitura foi a menor para o mês desde 2017, observa em nota Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, acrescentando que, em 12 meses, o índice oficial de inflação acumula alta de 3,16%, comparada a 3,94% até maio.

"Dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, quatro registraram variações negativas em junho. Destaque para os grupos Alimentação e bebidas (-0,66%) e Transportes (-0,41%), que contribuíram com -0,14 p.p. e -0,08 p.p, respectivamente – juntos, representam 42% da cesta do IPCA", aponta Sung.

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