O Ibovespa interrompeu a sequência de três dias de ganhos ao cair 0,78% nesta sexta, 20, aos 112.040,64 pontos. Os papéis de bancos foram destaque negativo da sessão, penalizados pelo risco em torno da exposição dessas empresas à Americanas. A disparada dos juros futuros, na esteira das críticas feitas esta semana pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Banco Central, impactou os setores de consumo e imobiliário, que contribuíram para a baixa do índice.
Mesmo assim, a Bolsa brasileira encerrou a semana com ganho de 1,01% e sobe 2,10% em 2023, reflexo do aumento dos preços de commodities com a reabertura da China e da expectativa de desaceleração do aperto monetário nos Estados Unidos. A alta do petróleo – de 1,28% (WTI) e 1,71% (Brent) – e o avanço de 1,76% do minério de ferro na Dalian Commodity Exchange sustentaram ganhos da Petrobras (+2,09% PN, +1,12% ON) e Vale (+0,27%), que limitaram as perdas do Ibovespa hoje.
Em um dia de agenda esvaziada, o mercado doméstico voltou as atenções para a incerteza em torno dos rumos da Americanas e para os rumos da política econômica do governo. Os investidores repercutiram a entrevista concedida por Lula à GloboNews na última quarta-feira, 18, quando o petista criticou a autonomia do Banco Central e o nível das metas de inflação, que exigiriam um juro elevado para "arrochar a economia".
"Após a entrevista de Lula, os juros futuros subiram bastante e o dólar teve alta, o que mostra o medo do mercado em relação à política econômica do governo. O que me surpreende, no final do dia, é a Bolsa não ter caído mais, ainda está com movimento forte de compra", diz o chefe de renda variável da SVN Investimentos, André Luzbel.
As ações dos principais bancos credores da Americanas cederam, em meio à incerteza em torno da recuperação judicial da varejista. O índice setorial financeiro da B3 encerrou o dia em baixa de 1,02%, na mínima do dia, com quedas dos papéis de BTG Pactual (-3,31%), Itaú Unibanco (-1,77%), Santander (-1,29%) e Bradesco (-1,91% ON, -1,41% PN).
Outros índices setoriais também cederam na sessão, com destaque para consumo (-1,16%) e imobiliário (-0,73%), penalizados pela abertura da curva de juros futuros. Para o sócio e chefe de renda variável da Legend Investimentos, José Simão, o movimento pressionou os segmentos, que já enfrentam margens apertadas no início deste ano.
No seu último dia nos índices da B3, a Americanas liderou as perdas do Ibovespa, com baixa de 29,0%, e encerrou o dia com as ações cotadas em R$ 0,77 – o menor nível no fechamento de toda a história da empresa. Alpargatas (-5,90%), Cosan (-4,47%), Suzano (-4,46%) e Rede D or (-4,37%) completam a lista das maiores baixas do índice hoje.
Na ponta positiva, os destaques do dia foram 3R Petroleum (+3,48%), Usiminas (+2,73%), Pão de Açúcar (+2,46%) e CSN (+2,41%), além do BB.