Estadão

Ibovespa cai 0,84%, aos 125,5 mil pontos, mas avança 0,60% na semana

Apesar do ajuste negativo nesta sexta-feira, 24, na qual cedeu a linha dos 126 mil que havia sustentado nos dois fechamentos anteriores, o Ibovespa obteve o quinto ganho semanal consecutivo, em alta de 0,60% no intervalo iniciado na última segunda-feira. Hoje, o índice da B3 caiu 0,84%, aos 125.517,27 pontos, vindo de ganhos moderados na quarta e quinta-feira. Nesta sexta, o topo correspondeu ao nível de abertura, a 126.552,58 pontos, e na mínima o Ibovespa buscou os 125.341,01. No mês, o índice avança 10,94% e, no ano, ganha 14,38%.

O dia, misto em Nova York nesta Black Friday de sessão tradicionalmente mais curta em Wall Street, foi de viés negativo para as ações de maior peso e liquidez na B3 – exceção para Petrobras PN, em leve alta de 0,28% no fechamento, e ao fim também para Bradesco (ON +0,63%, PN +0,06%), estendendo assim os ganhos do dia anterior, com a troca de comando no banco. A ação de maior peso no Ibovespa, Vale ON, fechou hoje em baixa de 0,85%, em sessão negativa para o setor metálico como um todo, com Gerdau à frente (PN -4,00%, na mínima do dia no encerramento).

Na ponta perdedora do Ibovespa, Grupo Casas Bahia (-8,62%), Magazine Luiza (-8,29%) e Locaweb (-6,94%), com Gol (+4,00%), CVC (+2,46%) e Azul (+1,69%) no canto oposto. O giro financeiro desta sexta-feira na B3 ficou em R$ 17,1 bilhões.

Ações de empresas intensivas em mão de obra, como as de varejo, sentiram o efeito do veto do presidente Lula, por recomendação do ministro Fernando Haddad (Fazenda), ao projeto que estendia a desoneração da folha de pagamentos de 17 setores até 2027. Hoje, em entrevista pela manhã em São Paulo, Haddad disse que enviará em breve ao Congresso medidas que compensariam o fim da desoneração – que dessa forma acaba em 2023, após 12 anos em vigor. A iniciativa, lançada em 2011 no governo Dilma Rousseff, é considerada caso de sucesso na geração e manutenção de empregos.

O Congresso, a princípio, ameaçou derrubar o veto presidencial à proposta. Hoje, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), disse que a "desoneração já foi objeto de veto do governo anterior, e o Congresso derrubou o veto".

"O fim da desoneração poderia ser visto até como positivo pelo lado fiscal, mas traz também ruído político que pode atrasar pautas importantes, de interesse do governo. Para a Bolsa, tende a ser questão com impacto tendendo a neutro, lembrando que o veto pode ser derrubado pelo Congresso", diz Bruna Sene, analista da Nova Futura Investimentos. "Como um todo, o dia foi de agenda mais vazia, e já se esperava liquidez menor com as bolsas de Nova York operando em meio período nesta sexta-feira, após o feriado de ontem nos Estados Unidos", acrescenta.

"Mercado teve uma leve correção hoje, o que é natural em processos de alta estruturados. É o que temos visto desde o início de novembro, muito por conta do alívio nas pressões internacionais. De abril a julho, Ibovespa avançou de forma muito positiva, e houve reversão entre agosto e outubro, em grande parte por conta dos juros de mercado nos Estados Unidos. Em novembro, e possivelmente já olhando para dezembro, vem nova recuperação, mas isso, claro, não ocorrerá de maneira linear", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

No quadro micro, a perda de fôlego em Petrobras levou o Ibovespa a renovar mínima do dia, à tarde, tendo contribuído, mais cedo, para mitigar as perdas do índice. Os preços do petróleo fecharam em baixa a sessão desta sexta-feira – volátil, mais curta e com liquidez limitada -, após o feriado de Ação de Graças nos EUA. A commodity também caiu no acumulado da semana, pressionada nos últimos dias pelo adiamento da reunião da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), que levantou dúvidas no mercado quanto a divisões internas no cartel sobre o nível adequado de produção e oferta do insumo.

O ajuste em Petrobras na sessão, contudo, veio com mais força em paralelo a comentários do presidente da estatal, Jean Paul Prates, que admitiu a possibilidade de a empresa recomprar a Rlam (Landulpho Alves), refinaria que havia sido vendida em 2021. Prates voltou a negar que exista pressão do governo para baixar o preço dos combustíveis – uma questão que o presidente Lula nesta semana, em encontro com autoridades da área, pediu para que seja tratada em privado pelo governo – ou que esteja para deixar o cargo.

Prates disse também que a companhia vai avaliar possibilidade de aquisição e desenvolvimento de projetos na Argentina, mas que, por ora, não há nada na mesa da estatal. A Petrobras mantém planta de processamento de gás de Vaca Muerta. "Tudo vai ser analisado, mas a gente não está procurando uma YPF Yacimientos Petrolíferos Fiscales, empresa argentina de óleo e gás", disse Prates, ao ser questionado sobre investimentos no país vizinho, caso a política de privatizações do presidente eleito, Javier Milei, siga adiante.

Ontem à noite, a Petrobras anunciou o plano estratégico para o período 2024-2028, que terá investimento de US$ 102 bilhões, cifra que corresponde a R$ 500,8 bilhões. A principal novidade são os aportes em energias renováveis e descarbonização, US$ 11,5 bilhões. No plano estratégico, a estatal reduziu a previsão de pagamento de dividendos para US$ 40 bilhões a US$ 45 bilhões no período de 2024 a 2028. O valor dá conta, também, de valores previstos para recompra de ações.

O quadro das expectativas para as ações domésticas no curtíssimo prazo está bastante equilibrado no Termômetro Broadcast Bolsa desta sexta-feira. Entre os participantes, as expectativas de avanço, estabilidade e queda para o Ibovespa na próxima semana têm, cada uma, fatia de 33%. Na pesquisa da semana passada, 50,00% esperavam que a atual semana fosse de alta; 33,33%, de variação neutra; e 16,67%, de baixa.

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