O Ibovespa encerrou a semana acumulando perda de 0,75% no intervalo, vindo de ganhos nas três anteriores, com destaque para o avanço de 3,18% na semana passada. Nesta sexta-feira, em sessão também negativa nos mercados da Europa e de Nova York, fechou em baixa de 1,15%, aos 111.102,32 pontos, entre mínima de 110.935,15 e máxima de 112.391,83, da abertura, após ter encerrado a quinta-feira no maior nível desde 20 de abril. Nestas três primeiras sessões de junho, teve perda de 0,22%, mostrando ganho no ano de 5,99%. Enfraquecido, o giro desta sexta-feira foi de R$ 21,1 bilhões.
"Em sexta-feira com feriados na China, em Hong Kong e no Reino Unido houve menor liquidez global, numa semana que parecia a caminho de ganhos, aqui como em Nova York, até o dia de hoje. Sexta é o dia de não fazer bobagem , um dia que costuma ser de maior acomodação mesmo", diz Bruno Madruga, head de renda variável da Monte Bravo Investimentos, após uma quinta-feira em que o avanço do setor de tecnologia havia contribuído para as bolsas, aqui e fora.
Virada a página da quinta-feira, "houve hoje em Nova York um movimento bem pesado nas ações de techs, puxado pelas da Tesla e que se estendia a outros grandes nomes do setor, como Apple, Meta, Alphabet, Microsoft – e com avanço na curva de juros nesta sexta uma combinação típica de aversão a risco. Depois do payroll de maio, divulgado pela manhã, parte do mercado reavalia a possibilidade de um aumento mais forte nos juros americanos", diz Romero de Oliveira, head de renda variável da Valor Investimentos, referindo-se à chance de o BC dos Estados Unidos recolocar sobre a mesa aumento de 0,75 ponto porcentual na taxa de juros de referência, acima, portanto, do meio ponto já precificado pelo mercado.
"O Ibovespa acompanhou o dia ruim no exterior, mas, no Brasil, os ruídos políticos sobre a possibilidade de crédito extraordinário para subsidiar o diesel contribuem para a queda do mercado", acrescenta Oliveira, mencionando estratagemas em discussão no Planalto, como a possibilidade de adoção de situação de calamidade.
Nesta sexta, a leitura sobre a geração de vagas no mercado de trabalho dos Estados Unidos em maio – acima do esperado, mas com revisão significativa de resultados anteriores – reforçou as dúvidas sobre o grau de ajuste necessário à política monetária americana, ante a inflação. Uma leitura menor do payroll de maio ajudaria a tirar parte da pressão sobre o Federal Reserve, no momento em que o mercado de trabalho americano tem se mostrado mais apertado, situação em que a renda salarial tende a responder, em algum momento, a uma dificuldade maior para o preenchimento de vagas disponíveis.
"O último relatório de emprego mostrou um crescimento mais lento do emprego e uma inflação potencialmente mais branda, mas ainda mantém a porta aberta para o Fed continuar com sua campanha de alta das taxas de juros muito além do verão no hemisfério norte", observa em nota Edward Moya, analista da Oanda em Nova York. Ele acrescenta que "a moderação do crescimento econômico está acontecendo, mas não rápido o suficiente para sinalizar uma mudança de rumo pelo Fed". "O consumidor pode estar perdendo a batalha contra a inflação, mas os gastos não vão se enfraquecer tão rapidamente", aponta o analista.
Por outro lado, a recente reabertura da economia na China tem contribuído para a recuperação das commodities, em especial minério de ferro e petróleo, aos quais a B3 têm exposição. Assim, os ganhos recentes em Vale e siderurgia deram lugar nesta sexta a uma correção moderada, em dia negativo para os setores e ações de maior peso e liquidez, à exceção de Petrobras (ON +2,55%, PN +1,75%), que vinha perdendo a carona proporcionada pelo Brent nos últimos dias, movimento que levou os contratos do barril para agosto a serem negociados acima de US$ 120 na máxima desta sexta-feira.
Na semana, Petrobras ON e PN acumularam, respectivamente, leve avanço de 0,06% e perda de 1,05%, enquanto Vale ON ganhou 3,20% no mesmo intervalo. Na ponta do Ibovespa na sessão desta sexta-feira, destaque para Natura (+2,75%), à frente das duas ações de Petrobras. No lado contrário, Méliuz (-6,74%), Americanas ON (-5,83%), Yduqs (-5,59%) e Magazine Luiza (-5,53%). As perdas entre os grandes bancos chegaram nesta sexta a 1,39% (BB ON) e entre as siderúrgicas a 1,52% (Usiminas PNA). Destaque também para queda de 3,16% em Eletrobras ON e de 2,23% para Eletrobras PNB. Vale ON caiu nesta sexta 1,60%.