Estadão

Ibovespa cai 2,40%, aos 101,9 mil pontos, à espera do Copom e do Fed

O Ibovespa retomou os negócios após o feriado de 1º de maio em queda de 2,40%, aos 101.926,95 pontos, no menor nível de encerramento desde 10 de abril (101.846,64). Em porcentual, a retração desta terça-feira, 2, foi a maior desde a perda de 3,06% na primeira sessão do ano, em 2 de janeiro. Hoje, o índice oscilou dos 101.569,48 aos 104.446,78, saindo de abertura aos 104.431,23 pontos. O giro financeiro foi de R$ 23,6 bilhões na sessão. No ano, o Ibovespa acumula perda de 7,12%, após ter esboçado reação na quinta e na sexta-feira.

O dia também foi amplamente negativo em Nova York, com baixas que chegaram a 1,16% (S&P 500) no fechamento da sessão. Destaque em especial para o petróleo, com Brent e WTI em mergulho acima de 5% no encerramento desta terça-feira, com os investidores se posicionando para novos aumentos de juros nas maiores economias, esta semana, mesmo com o enfraquecimento dos sinais sobre a atividade global.

Nesse contexto, um grupo de dez senadores e deputados democratas pediu ao Federal Reserve que "respeite a dualidade" de mandato na reunião desta semana, interrompendo aumentos de juros, de forma a evitar "recessão que destrua empregos e esmague pequenos negócios". Em carta ao presidente do Fed, Jerome Powell, o grupo diz que a turbulência recente no sistema bancário, após as falências do Silicon Valley Bank e do Signature Bank, e os impactos dos aumentos de juros anteriores deixam a "economia ainda mais vulnerável a uma reação exagerada" do BC americano.

A semana reserva as decisões sobre juros do Federal Reserve e do Copom, ambas amanhã, e na quinta-feira a do Banco Central Europeu (BCE). No Brasil, o Copom deve manter a Selic em 13,75% ao ano e reiterar, no comunicado, que continua a avaliar se a estratégia do BC será capaz de promover a convergência da inflação às metas no horizonte relevante da política monetária, avalia o Credit Suisse.

"Os mercados hoje tiveram significativa queda, até mais forte aqui. Cenário macro tem falado alto nos últimos dias, com indicadores importantes, como o CPI da zona do euro, hoje, não muito fora do esperado, mas mostrando uma taxa de inflação ainda alta, que mantém a pressão sobre os BCs. Inflação elevada, acima das metas, mostra que as taxas de juros devem continuar subindo, apesar do risco de recessão", diz Marco Noernberg, líder de renda variável da Manchester Investimentos.

Ele observa também que os índices de atividade PMIs têm mostrado enfraquecimento, e com inflação persistente, "apesar de os Bancos Centrais estarem se virando como podem". "Há sensação de que os BCs não vão arredar o pé", acrescenta.

No front doméstico, o mercado continua atento à tramitação do arcabouço fiscal no Congresso, ainda ponderando quão factível em relação ao endividamento público se mostrará no fim do dia , em momento difícil para o PIB, o crescimento econômico.

"A Selic deve ficar, nesta reunião, no patamar em que está desde agosto de 2022. Desde então o BC tem reforçado a necessidade de manter a taxa de juros elevada, por período prolongado, para garantir a desaceleração da inflação e a ancoragem das expectativas", diz Camila Abdelmalack, economista-chefe da Veedha Investimentos, observando que as projeções de inflação para os próximos anos, nos boletins Focus, continuam distantes das metas, em um contexto ainda marcado por incerteza sobre a política de gastos do governo.

"O arcabouço fiscal foi enviado ao Congresso em abril, gerando alguma expectativa de mudança nas considerações parcimoniosas do BC sobre a condução da política fiscal. Mas parece que um aceno (do BC) sobre a redução do risco fiscal, e eventualmente a viabilidade para corte de juros, deve ocorrer somente depois da tramitação do arcabouço fiscal no Congresso", acrescenta a economista, chamando atenção para o risco de alterações importantes na passagem do texto pelo Legislativo. "Esta reunião não deve trazer alteração relevante no comunicado."

Assim, nesta véspera de superquarta , o dia foi de perdas agudas para as ações e os setores de maior peso e liquidez na B3, com número limitado de papéis conseguindo escapar à correção. Na ponta da carteira Ibovespa, destaque para IRB (+8,48%), Suzano (+2,21%), Raia Drogasil (+1,22%) e Hapvida (+1,09%). No canto oposto, Vibra (-6,59%), Petz (-6,48%), Renner (-5,81%) e 3R Petroleum (-5,56%). Entre os carros-chefes do Ibovespa, Vale (ON) cedeu 3,95%, enquanto as perdas em Petrobras superaram 4% (ON -4,46%, PN -4,05%). Entre os grandes bancos, a retração foi de 1,34% (Unit do Santander) a 3,86% (Itaú PN).

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