A combinação entre o mercado externo avesso ao risco e os ruídos em torno do presidenciável Jair Bolsonaro (PSL) levaram o Índice Bovespa a uma sessão de fortes correções nesta quarta-feira, 10. No cenário internacional pesaram incertezas quanto à política monetária americana e o ritmo de crescimento da economia global, em meio às disputas comerciais entre países. Por aqui, contribuíram para as ordens de venda as sinalizações de Bolsonaro sobre privatizações e reforma da Previdência.
O Índice Bovespa já iniciou o dia em terreno negativo e ampliou gradativamente a tendência de queda, para fechar aos 83.679,11 pontos, na mínima do dia, com queda de 2,80%. Os negócios somaram R$ 14,4 bilhões. Em Nova York, pesou nos negócios a possibilidade de um aperto mais rigoroso por parte do Federal Reserve, aliada ao aumento da tensão entre Estados Unidos e China e às perspectivas de expansão econômica global mais lenta.
Pela manhã, chamaram a atenção as quedas expressivas das ações da Eletrobras, que chegaram a perder mais de 15%, repercutindo a fala de Bolsonaro contrária à privatização das empresas de geração de energia do sistema. Ao final do dia, Eletrobras ON e PNB já haviam reduzido em boa parte as perdas e terminaram o pregão com quedas de 9,21% e 8,36%, respectivamente.
Também geraram mal-estar as declarações de Bolsonaro feitas segunda à noite sobre a reforma da Previdência. Depois de o deputado Onyx Lorenzoni (DEM-RS) ter afirmado que a reforma não estava no plano de governo de Bolsonaro, nem dos que o apoiam, o candidato do PSL defendeu fazer uma reforma “vagarosamente”.
Além dos papéis da Eletrobras, as ações sensíveis à percepção de risco político também tiveram perdas superiores à média do mercado. Banco do Brasil ON terminou o dia em queda de 4,23%. Petrobras ON e PN caíram 3,70% e 2,87%, nesta ordem. Vale ON caiu 3,07%.
“O receio é que, diante de uma nova proposta de reforma da Previdência, com um desenho completamente novo, na melhor das hipóteses o processo de aprovação em duas Casas será muito mais lento do que se esperava”, disse Karel Luketic, sócio e diretor de equity research da XP Investimentos. Luketic observa que o dia já era propício a uma correção, levando em conta as altas expressivas do Ibovespa nos últimos dias e o desempenho negativo das bolsas na Europa e Estados Unidos.