Estadão

Ibovespa cai com temor sobre juros EUA; petróleo e fator local são limitadores

A valorização do petróleo, ainda na esteira do corte de produção da commodity pela Opep+ esta semana, empurra para cima ações ligadas ao setor na Bolsa brasileira. Com isto, o Ibovespa alterna leve alta com moderada queda na manhã desta sexta-feira, enquanto no exterior o sinal negativo é expressivo, após dados de emprego reforçarem novos aumentos de juros nos EUA.

Além disso, por aqui, especialistas relatam que o mercado local ainda se beneficia do resultado apertado das eleições a presidente no primeiro turno, o que jogou a decisão final para o próximo dia 30.

"Tivemos um ano de eleição em que este assunto não fez muito preço, mas apenas gerou movimentos pontuais", avalia a economista-chefe da B.Side Investimentos, Helena Veronese,. "O resultado mais apertado do primeiro turno do que as pesquisas mostravam e o Congresso eleito mais à direita fizeram com que na segunda-feira tivesse um boom nos mercados, que podem ter vida própria, dias de descolamento", estima Helena.

Entretanto, pondera que o desempenho do mercado de trabalho norte-americano em setembro traz cautela, sobretudo para o exterior. Segundo ela, os dados chancelam nova alta dos juros americanos em novembro. "O desemprego caiu mais uma vez e os salários estão extremamente inflacionários", diz.

A economia dos Estados Unidos criou 263 mil empregos em setembro, ante mediana das estimativas na pesquisa Projeções Broadcast de 270 mil vagas. Já a taxa de desemprego dos EUA recuou para 3,5% em setembro, ante 3,7% em agosto, contrariando expectativa de que não mudaria de um mês para o outro. Em setembro, o salário médio por hora teve alta de 0,31% em relação a agosto (previsão 0,40%).

Para Gustavo cruz, estrategista da RB investimentos, por mais que a geração de vagas nos EUA tenha ficado menor do que o esperado, ainda está em nível elevado. "Teria de desacelerar bem mais para rever os planos do Fed", avalia.

Na opinião de Cruz, pelo o que se tem visto em relação a discursos de membros do Fed, a intenção da autoridade monetária é, "sim", seguir apertando sua política monetária o quanto antes, "fazer esse choque mais rápido de juros."

Na avaliação do estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, os dados colocam pressão sobre o Fed, até porque, diz, a taxa de desemprego caiu para a marca histórica. "A economia americana continua forte, pressionando a inflação", afirma.

Ainda que a alta do Ibovespa não se confirme até o fim do dia, o índice Bovespa voltará a fechar a semana com valorização – já acumula ganhos de 6,69% – após ceder 1,50% na anterior.

Agora, os investidores esperam por falas de dirigentes do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), para tentar buscar pistas em relação ao ritmo de alta dos juros no país.

Às 11h26, o Ibovespa caía 0,18%, aos 117.337,82 pontos, ante mínima diária a 117.013,35 pontos (-0,47%), depois de subir 0,34% (máxima a 117.960,40 pontos). Em Nova York, as perdas iam de 1,34% (Dow Jones a 2,49% (Nasdaq). Já aqui, Vale subia em torno de 3% e Petrobras, na faixa de 1%, com alta do petróleo de cerca de 2,40%, a US$ 96,66 o do tipo Brent, referência para a estatal.

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