O tom negativo dos índices do exterior limita uma recuperação do Ibovespa nesta quinta-feira, 2, bem como alguns resultados corporativos do quarto trimestre informados entre noite de quarta-feira e esta quinta, sobretudo o do Petrobras.
Às 11h28, o indicador caía 0,09%, aos 104.293,24 pontos, após abertura aos 104.912,41 pontos (-0,01%), com as ações da Petrobras cedendo mais de 2%, ao passo que as da Vale avançavam 0,66%, na esteira da valorização do minério de ferro na China, de 1,56%, em Dalian.
"Desde agosto do ano passado, o Ibovespa está meio lateralizado, sem definir uma direção por uma junção de fatores externos e internos", avalia Matheus Willrich, especialista em renda variável da Blue3, explicando que lá fora há o temor de que os juros ?finais nos EUA superem a marca dos 5,50% e aqui há preocupações políticas.
Ontem, o indicador da B3 fechou em queda de 0,52%, aos 104.384,67 pontos, em meio a sinais de interferência do governo em estatais e a novos comentários da gestão ao Banco Central. Este temor ainda deve continuar sendo monitorado, dado que na quarta-feira, antes de informar seu balanço recorde, o conselho da Petrobras sugeriu a criação de reserva para reter até R$ 6,5 bilhões dos dividendos. Além disso, há dúvidas sobre a política de preços da empresa. Hoje, em nota, que não está debatendo alteração esta política.
Willrich, da Blue3, destaca que a notícia de reoneração parcial dos combustíveis é bem vista, mas a de o governo pediu para a Petrobras suspender a venda de ativos por 90 dias é negativa. "Avaliar o resultado recorde da Petrobras 2022 é olhar um pouco pelo retrovisor. A preocupação é daqui para frente. Após a volta dos impostos, houve recuo nos preços da gasolina pela empresa, gerando dúvidas sobre intervenção", afirma.
O mercado ainda segue avaliando de forma negativa a taxação de importação de óleo cru. Ao mesmo tempo, a bancada do PL na Câmara, que reúne 99 deputados, decidiu se posicionar contra a reoneração dos combustíveis prevista em medida provisória editada pelo governo.
"Lucro da Petrobras superou as expectativas no 4T22, entretanto, as incertezas quanto à futura administração, comandada por Jean Paul Prates, devem prevalecer", observa em nota a MCM Consultores.
A estatal teve o comando da empresa, cujo lucro no último trimestre foi 37,6% a mais do que há um ano, e 6% menor do que o registrado no terceiro trimestre de 2022. A empresa fechou 2022 com lucro recorde de R$ 188,3 bilhões, 76,6% a mais do que em 2021 e anunciou a distribuição de R$ 35,7 bilhões em dividendos a acionistas.
Apesar das renovadas expectativas de que os juros ficarão elevados por mais tempo nos Estados Unidos e na Europa, as commodities sobem na esteira de perspectivas positivas com a China. Ao mesmo tempo, o PIB brasileiro fraco no quarto trimestre de 2022 entra como fator negativo em algumas ações ligadas ao ciclo econômico, apesar de recentes revisões para baixo no IPCA após os anúncios sobre os combustíveis, mas em meio a um quadro de juros ainda elevado.
O PIB caiu 0,2% no quarto trimestre de 2022 ante o terceiro trimestre, ficando mais negativo do que a mediana de baixa de 0,1%. Na comparação com o quarto trimestre de 2021, teve alta de 1,9% (mediana era de aumento de 2,1%). Em 2022, fechou com expansão de 2,9%, ante mediana positiva em 3,0%. "Faz sentido resultado, é condizente com a política monetária em nível restritivo, são os juros altos fazendo efeito na economia", afirma. A Selic está em 13,75% ao ano desde agosto de 2022
O PIB caiu 0,2% no quarto trimestre de 2022 ante o terceiro trimestre, ficando mais negativo do que a mediana de baixa de 0,1%. Na comparação com o quarto trimestre de 2021, teve alta de 1,9% (mediana era de aumento de 2,1%). Em 2022, fechou com expansão de 2,9%, ante mediana positiva em 3,0%.