A agenda de indicadores e corporativa robusta nesta quinta-feira, 25, norteia o Ibovespa. O principal indicador da B3 opera em baixa desde a abertura, em meio a sinais de inflação ainda resiliente nos Estados Unidos, o que tende a retardar o início da queda dos juros no país.
Os investidores ainda avaliam balanços e aguardam o detalhamento da reforma tributária, cujo projeto foi entregue ontem pelo governo ao Congresso. No campo corporativo, a safra de balanços requer atenção aqui e no exterior, com destaque no Brasil a Vale e Petrobras.
No caso do envio da reforma tributária ao Congresso ontem, Marlon Glaciano, planejador financeiro e especialista em finanças, avalia que apesar de isso sugerir avanço, ainda há certa cautela, dados os sinais de avanço dos gastos do governo e de descumprimento da meta fiscal. "A arrecadação segue crescente, mas ainda há dúvidas sobre se a meta fiscal será cumprida. Não sabemos de que forma o dinheiro arrecadado será usado, se será usado de forma correta. Não adianta promover regras e não cumpri-las", avalia.
Ontem, a Vale divulgou balanço no período da noite, com queda de 9% em seu lucro no primeiro trimestre. Além disso, os investidores da Vale digerem a informação de que a mineradora australiana BHP Billinton apresenta uma oferta para adquirir a rival Anglo American, o que pode ser uma ameaça à brasileira. O negócio, se confirmado, remodelará a indústria global de mineração. Em Londres, as ações da Anglo American subiam acima de 13% e as da BHP recuavam quase 3,00%.
O negócio, segundo avalia o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus, seria ruim para a Vale, pois a BHP se tornaria a maior companhia do mundo em mineração e mudaria muito o comércio global de minério. Aliás, a commodity subiu hoje cerca de 1,00% em Dalian, na China, em meio a sinais de recuperação econômica do país.
Já a Petrobras realiza hoje a Assembleia Geral Ordinária (AGO) para, entre os pontos, eleger novo Conselho de Administração e aprovar a proposta de pagamento de 50% dos dividendos extraordinários de 2023. Os papéis tentavam subir moderadamente, em dia de leve queda do petróleo.
Hoje, foi divulgada a primeira leitura do Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre dos EUA. O PIB do país cresceu ao ritmo anualizado de 1,6% no período. O resultado ficou abaixo do piso das estimativas de analistas, de altas de 1,9% a 3,1%, com mediana de 2,4%.
O Departamento do Comércio informou também que o índice de preços de gastos com consumo (PCE, na sigla em inglês) subiu à taxa anualizada de 3,4% no primeiro trimestre, ganhando força depois de avançar 1,8% no quarto trimestre do ano passado.
Na avaliação de Bruno Takeo, analista da Ouro Preto Investimentos, ainda que o PIB americano tenha crescido menos do que o esperado no primeiro trimestre, o que seria bem visto do ponto de vista da política monetária, merece cautela. Isso porque um sinal de arrefecimento da atividade pode indicar um cenário pior para as empresas, com lucros menores e correção do S&P, por exemplo. Além disso, o bancos nos gastos no PIB americano pode ser um presságio de que o dado predileto de inflação do Fed que sai amanhã virá alto.
De acordo com Bruna Centeno, sócia e especialista da Blue3 Investimentos, a demora do Fed em começar a cortar os juros não é por acaso, pois os sinais são de uma economia mostrando resiliência. "O consumo segue forte", diz.
No exterior, o noticiário corporativo também embala os mercados. Nesta manhã, as ações da Meta caiam acima de dois dígitos, após a controladora do Facebook elevar sua previsão de gastos para 2024.
Às 11h26, o Ibovespa cedia 0,51%, aos 124.128,29 pontos, ante mínima de 123.602,89 pontos (-0,83%), depois da máxima aos 14.717,88 pontos (-0,02%).