Estadão

Ibovespa cai por parcimônia pré-Copom, temor fiscal e ausência de NY

O Ibovespa cai praticamente desde a abertura, tendo já cedido para o nível dos 118 mil pontos, diante da falta de motivadores nesta quarta-feira, 19. O feriado nacional de Juneteenth nos Estados Unidos deixa os mercados de lá fechados, o que tende a diminuir a liquidez na B3.

A agenda também não favorece uma alta do Índice Bovespa, tampouco as commodities. O petróleo sobe moderadamente e o minério de ferro caiu 0,36%, em Dalian, na China.

Desta forma, os investidores adotam cautela, em meio ainda à espera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), embora o resultado só sairá no início da noite, já com os mercados inoperantes por aqui. Além disso, prosseguem as preocupações fiscais.

"Ninguém quer tomar risco, dado ainda que o mercado brasileiro já vem em uma toada ruim por conta do fiscal. Desta forma, será difícil alguém querer se arriscar", avalia Felipe Moura, analista da Finacap.

Os investidores ainda monitoram a reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com ministros da área econômica, Previdência e Meio Ambiente para tratar sobre a revisão de gastos e o plano de emergência climática. Também está na agenda a posse de Magda Chambriard como presidente da Petrobras, que terá as presenças de Lula e do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.

Ontem, o Ibovespa fechou em alta de a de 0,41%, aos 119.630,44 pontos, apesar do incômodo dos investidores com críticas de Lula ao nível atual da taxa Selic e ao presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto.

Lula acusou Campos Neto de ter "lado político", sinalizando que não aceitará uma "traição" dos seus indicados, entre os quais Paulo Picchetti e Gabriel Galípolo, mais cotado até então para assumir o Banco Central a partir de janeiro. "Jogou mais lenha numa crise que já é grande por conta do fiscal", afirma Moura, da Finacap.

A expectativa majoritária é de manutenção da taxa Selic em 10,50%, após corte de 0,25 ponto porcentual no Copom de maio. Na ocasião, causou desconforto nos mercados a votação dividida dos diretores do Banco Central (BC). Por isso, é aguardada decisão unânime pelo mercado, o que sinalizaria credibilidade do BC. "O pior cenário é uma divergência no placar", diz Moura, da Finacap.

A MCM Consultores espera interrupção do atual ciclo de baixa da taxa Selic e uma decisão que será apoiada por todos os diretores do Banco Central.

Como avalia a consultoria, as expectativas de inflação se deterioraram desde o último Copom, o que preocupa os diretores do BC. Em relatório, cita que a tragédia climática no Rio Grande do Sul também exige monitoramento devido aos seus efeitos secundários nos preços.

"Houve desvalorização significativa dos preços dos ativos domésticos, causada por fatores como o receio com a futura composição do Banco Central e alterações nas regras do arcabouço fiscal", afirma a MCM, completando que a provável revisão para cima da taxa neutra de juros, estimada hoje em 4,5% ao ano, também justifica a cautela do Copom.

Às 11h33, o Ibovespa caía 0,37%, aos 119.170,74 pontos, após declínio de 0,56%, com mínima aos 118.960,37 pontos, ante abertura aos 119.630,44 pontos, com variação zero, e máxima aos 119.630,68 pontos. Petrobras cedia entre 0,22% (PN) e 0,37% (ON).

Vale ON recuava 0,107%. CSN ON devolvia parte do salto da véspera, cedendo 4,00%, ficando no primeiro lugar das quedas da carteira. Assai ON e Azul PN apareciam em seguida, com quedas de 2,69% e 3,31%, pela ordem.

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