O Ibovespa começou 2024 em queda, apesar da valorização das commodities. A baixa se alinha à queda das bolsas americanas, que fecharam com recuo na sexta-feira (29) quando a B3 ficou fechada, e à indicação de continuidade da desvalorização nos EUA nesta terça-feira, 2.
O movimento reflete a expectativa de desaceleração de economias como a americana e a chinesa, o que pesa nos juros futuros e consequentemente em papéis ligados ao ciclo econômico.
"Se pudéssemos expurgar as ações da Petrobras e da Vale que têm o maior peso, a queda do Ibovespa seria bem maior", disse Fernando Ferrer, analista da Empiricus Research, citando como exemplo o declínio acima de 1,11% do SMAL11, um ETF que engloba as principais small caps da Bolsa brasileira.
Neste sentido, há grande expectativa pela divulgação de indicadores e falas de membros do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), nesta semana, que poderão indicar quando se iniciará o processo de queda dos juros no país. Por ora, estima-se que a queda começará entre o primeiro e o segundo trimestres.
"Tem uma correção hoje apesar de a agenda não estar tão cheia", diz Alan Soares, analista da Toro Investimentos. "Ao longo da semana sairão dados e informações importantes nos Estados Unidos como índices de serviços, de emprego como o payroll e ata da última reunião de política monetária."
De todo modo, Ferrer não vê a queda desta terça do Ibovespa como uma tendência. "Naturalmente, após meses de novembro e dezembro em altas, é natural vermos alguma acomodação, algum ajuste. No geral, para o médio prazo, a tendência segue bastante positiva. 2024 pode ser um ano de bom desempenho para o Ibovespa", estima o analista da Empiricus.
Como avalia a Guide Investimentos em relatório, os investidores estão sustentando um grau maior de cautela diante do forte desempenho dos ativos em novembro e dezembro, com destaque para a alta das taxas de juros nas economias centrais. Isso ocorre "ainda que as apostas continuem em torno de cortes de 1,5 ponto porcentual na Europa, EUA e Reino Unido para 2024."
Apesar de ter caído 0,01%, aos 134.185,24 pontos na quinta-feira, 28, no último pregão de 2023, o Ibovespa subiu 22,8% no ano passado, a maior elevação desde 2019. Conforme a análise gráfica do Itaú BBA, os próximos objetivos do Índice Bovespa estão em 137 mil e 150 mil pontos – nível a ser perseguido ao longo de 2024.
Concomitantemente à cautela externa, há certa parcimônia em relação às contas públicas do Brasil, diante das críticas do Congresso à Medida Provisória (MP) para compensar os efeitos da extensão da desoneração fiscal.
Após subir mais de 2,50% mais cedo, em meio a tensões geopolíticas, o petróleo desacelerava a alta no exterior. Ainda assim, as ações da Petrobras PN subiam 1,05% e ON, 0,90%, às 11h21. Já as ações da Vale tinham elevação de 0,41%. Nesta terça, o minério de ferro fechou com alta de 2,93% em Dalian, na China, após avanço de um indicador de atividade em dezembro.
Às 11h31, o Ibovespa caía 0,63%, aos 133.337,13 pontos, ante abertura aos 134.185,58 pontos, com variação zero, e mínima aos 133.127,34 pontos (-0,79%), após máxima aos 134.194,94 pontos (alta de 0,01%).