Depois de alcançar os 110 mil pontos pouco antes do fechamento deste texto, o Ibovespa desacelerou o ritmo de alta, em meio à piora das bolsas em Nova York, nos Estados Unidos, onde há impasse sobre a dívida norte-americana, e das ações ligadas a commodities metálicas. Além disso, os papéis da Petrobras, que subiram mais de 5% há pouco, desaceleravam o ritmo, em meio à entrevista do presidente da empresa, Jean Paul Prates, que detalha a nova política de preços da estatal.
Com a alteração, a gasolina tipo A terá redução de R$ 0,40 a partir de quarta-feira. Prates disse também que a nova política não desconsiderará os preços internacionais e pode gerar menos volatilidade. "O fato de não ter vindo nada bombástico, alivia, e o fato de que os dividendos virão, também atenua", avalia o estrategista-chefe do Grupo Laatus, Jefferson Laatus.
A redução na gasolina é de 12,6%. Prates também anunciou que a empresa reduzirá em R$ 0,44 por litro o seu preço médio de venda de diesel tipo A para as distribuidoras, que passará de R$ 3,46 para R$ 3,02 por litro. Os preços do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), mais conhecido como gás de cozinha, também terá uma redução de R$ 0,69 por quilo no preço médio.
Em nota divulgada logo após o anúncio, a Petrobras destacou que o valor efetivamente cobra ao consumidor final no posto é afetado também por outros fatores, como impostos, mistura de biocombustíveis e margens de lucro das distribuidoras e da revenda.
Às 11h36, as ações da Petrobras subiam 3,31% (PN) e 2,70% (ON). "Ao que tudo indica é que essa política de preços da Petrobras já estava no preço. Contudo, as falas de Prates foram bem otimistas, de que a Petrobras não deixará de ser competitiva, de que a empresa não deixará de concorrer com seus concorrentes", avalia Alan Dias Pimentel, especialista de investimentos da Blue3 Investimentos.
A política de preços de combustíveis da estatal, anunciada hoje, que substituirá a política de paridade de importação (PPI), usa referências de mercado como: o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação; e o valor marginal para a Petrobrás.
"O mercado esperava algo pior, traçava um cenário ruim em meio a possibilidades de inviabilização da importação de diesel. A empresa vai continuar com a política de dividendos forte e por mais que tenha custos com a nova política, a gestão diz que não deixará a companhia gerar prejuízo. Vai considerar alguns ajustes regionais, mas sem desconsiderara totalmente o internacional", avalia Bruno Takeo, analista da Ouro Preto Investimentos.
As atenções ficam ainda na entrevista do relator do arcabouço fiscal, Cláudio Cajado (PP-BA), após a conclusão do texto. O relatório trará novos "gatilhos" (travas de gastos) em caso de descumprimento da meta fiscal. Isso significa que, se o governo não alcançar o resultado primário estipulado, ficará proibido de fazer uma série de novos gastos. Amanhã, os deputados votarão o regime de urgência, para acelerar a tramitação da proposta. Na quarta-feira que vem, está prevista a votação do mérito do texto.
O clima de certa cautela nos mercados do exterior reflete dados de atividade menores do que o esperado na China e incertezas a respeito das negociações sobre o orçamento federal e o teto da dívida americana.
Conforme Guide Investimentos, os indicadores chineses trouxeram "avanços interanuais da produção industrial, das vendas no varejo e do investimento em ativos fixos menores do que os previstos em abril, corroborando a visão de uma retomada mais lenta na segunda maior economia do planeta", cita em nota.
Apesar dos números fracos chineses, o minério de ferro fechou em alta de 1,12% em Dalian, enquanto o petróleo cedia 0,19%. As ações da Vale caíam 1,32%, contaminando os demais papéis do segmento.
O Ibovespa subia 0,18%, aos 109.229,13 pontos, ante máxima diária aos 110.151,03 pontos, em alta de 1,03%. Ontem, o Índice Bovespa fechou em alta de 0,52%, aos 109.029,12 pontos.