O Ibovespa emendou hoje terceiro ganho diário, tendo colhido apenas uma perda (-0,77%), no dia 16, na série que retrocede a 4 de maio, em que havia saído dos 101,8 mil na sessão anterior. No encerramento desta sexta-feira, colocou os ganhos da semana a 2,10% e os do mês até aqui a 6,04%, convergindo ao melhor desempenho desde agosto passado, quando subiu 6,16%. Assim, em 12 sessões desde o último dia 4, o Ibovespa andou para trás apenas em uma ocasião, em modesta realização de lucros. Hoje, voltou a se descolar do sinal negativo em Nova York, onde as perdas ficaram entre 0,14% (S&P 500) e 0,33% (Dow Jones) no fechamento, em meio ao impasse sobre o teto da dívida federal nos Estados Unidos.
Nesta sexta-feira, em dia de vencimento de opções sobre ações, a referência da B3 oscilou entre 109.786,92 e 111.211,29 para fechar aos 110.744,51 pontos, em alta de 0,58% na sessão, em que saiu de abertura aos 110.113,00 pontos. O ganho semanal de 2,10% sucede avanços de 3,15%, de 0,69% e de 0,06% nas três anteriores – série com início em 24 de abril. No ano, virou ontem para o positivo, acumulando agora ganho de 0,92% em 2023. Hoje, com vencimento de opções, o giro foi a R$ 31,7 bilhões.
A relativa redução de temores em torno do aumento do teto da dívida americana – mesmo com a falta de avanço real na discussão – e, por aqui, mais clareza quanto ao formato final do arcabouço fiscal, que deve ser votado na semana que vem na Câmara, além de dados positivos como o IBC-Br divulgado nesta sexta-feira, contribuem para a retomada do apetite dos investidores por ações, mesmo com a Selic ainda a 13,75% ao ano. Mais acomodado, o dólar, um indicador de ingresso de fluxo para Bolsa em momentos de apreciação do real – como o recente -, deu sinais hoje de que tende a convergir para R$ 5, em alta de 0,56% no fechamento, a R$ 4,9958.
"Otimismo tem ajudado na recuperação da Bolsa, e a leitura de hoje sobre o IBC-Br, considerado um dado antecedente do PIB, trouxe indicação positiva para o crescimento econômico", diz Gustavo Harada, chefe da mesa de renda variável da Blackbird Investimentos, que vê espaço para o Ibovespa caminhar para 114 mil pontos, nível gráfico em que deve encontrar resistência mais forte.
"Veio melhor do que o esperado (IBC-Br), mostrando que o índice teve expansão de 2,41% no trimestre encerrado em março, indício de que devemos ter um bom desempenho do PIB no primeiro trimestre. Apesar do resultado negativo em março (-0,15%, na margem), a queda do IBC-Br no mês foi amenizada pelo crescimento acima do esperado nos setores de serviços (0,9%), indústria (1,1%) e varejo (0,8%)", aponta em nota Rafael Perez, economista da Suno Research. A leitura oficial sobre o PIB do primeiro trimestre será divulgada em 1º de junho pelo IBGE.
"Os dados de atividade vêm surpreendendo positivamente nos últimos meses, revelando maior resiliência dos principais setores. Além disso, o agronegócio e o consumo das famílias tiveram papel fundamental no crescimento acima do esperado, nesse início de ano", acrescenta o economista.
Assim, essencialmente, "o Ibovespa repercutiu hoje a melhora da perspectiva para o PIB, favorecendo em especial as ações dos setores de construção e varejo, mesmo em dia de elevação na curva de juros e também no câmbio", diz Felipe Leão, especialista do Valor Investimentos. Lá fora, hoje, se por um lado houve ruído em torno do teto da dívida – com os republicanos suspendendo as conversas, referindo-se aos democratas na Casa Branca como "irracionais" -, por outro a fala macia do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, quanto à possibilidade de pausa na elevação dos juros trouxe algum conforto, acrescenta o analista, em meio a restrições nas condições de crédito nos Estados Unidos.
Na B3, a sessão foi mista para as ações e os setores de maior peso e liquidez, como Petrobras (ON +0,48%, PN +0,43%) e Vale (ON -1,10%), além dos grandes bancos (Bradesco PN +2,42%, Itaú PN -0,81%). Na ponta ganhadora do Ibovespa, destaque para MRV (+7,55%), Raízen (+6,34%) e Marfrig (+5,34%), com as aéreas Azul (-2,90%) e Gol (-2,63%) no lado oposto, pouco atrás de Cogna (-3,11%).
Mesmo com a longa série de recuperação do Ibovespa, o otimismo se mantém forte entre os agentes do mercado financeiro, sem sinais de cansaço no <b>Termômetro Broadcast Bolsa</b> para a próxima semana. De acordo com a sondagem, 57,14% dos profissionais acreditam que o índice dará continuidade ao desempenho positivo desta semana e seguirá em alta na próxima.
No levantamento da semana passada, apenas 16,67% dos participantes acreditavam na alta do indicador. Já os que esperam estabilidade do Ibovespa foram 42,86% do total nesta semana, contra 33,33% na semana passada. Na edição de hoje, não houve estimativa de queda para o índice nos próximos pregões. Na última sexta-feira, metade dos profissionais esperava queda nesta semana, o que não aconteceu.