Estadão

Ibovespa emenda 5º ganho e sobe 0,51%, a 108,7 mil pontos, com foco na China

Na mesma direção do exterior desde a manhã, o Ibovespa emendou o quinto ganho, estendendo a sua melhor série desde meados de março, ainda que não tenha conseguido sustentar o nível de 109 mil pontos, não visto em fechamento desde 28 de abril. No melhor momento desta terça-feira, a referência da B3 foi aos 109.773,99 pontos, com mínima a 108.244,60, praticamente correspondente à abertura, aos 108.246,23 pontos. Ao fim, o Ibovespa mostrava alta de 0,51%, aos 108.789,33 pontos.

Na semana, sobe 1,74% e, no mês, 0,85% – no ano, o avanço está em 3,78%. O giro foi a R$ 32,6 bilhões na sessão.

À tarde, a atenção do mercado esteve voltada às declarações do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, que reiterou a indicação de que o BC americano tende a optar pela manutenção de aumento de 0,50 ponto porcentual na taxa de juros de referência dos Estados Unidos, embora o ritmo de ajuste possa vir a se acentuar caso a inflação não desacelere. Ainda assim, a opção preferencial parece ser a do ajuste de meio ponto, que conta com "amplo apoio" no comitê de política monetária do Fed, apontou Powell durante participação em evento promovido por <i>The Wall Street Journal</i>.

"O dia foi diferente dos últimos, hoje com as bolsas subindo e o dólar caindo praticamente em bloco contra as principais moedas emergentes. O impulso inicial veio da China, com a sensação de que as cidades tenham restrições menores já nas próximas semanas, em junho. Tal afrouxamento tende a melhorar o viés para a atividade econômica no país, que vinha passando por constantes revisões, para baixo", diz Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

O estrategista avalia que as falas da tarde de Powell foram observadas, em geral, pela lente da reiteração de comentários de outros dirigentes do Fed nas últimas semanas, embora persistam dúvidas sobre a dinâmica dos aumentos de juros nos Estados Unidos – como, por exemplo, se haverá elevações em todas as reuniões, daqui ao fim do ano.

"Os mercados mostraram alívio desde a manhã, com o terceiro dia consecutivo sem novos casos de covid na China, o que reforça a perspectiva de reabertura, normalização da economia por lá – e contribui para a melhora do câmbio e da curva de juros por aqui. No Brasil, as contas fiscais e o setor externo têm ajudado, e os números fiscais, ontem, surpreenderam positivamente mais uma vez. Há 12 meses ninguém esperava por isso", diz Paulo Gala, economista-chefe do Banco Master.

Ele chama atenção para a leitura, abaixo do esperado, para o IGP-10, divulgada pela manhã, com deflação dos preços agro, em arrefecimento no intervalo, e as contas de luz também contribuindo para o desempenho do índice – em alta de 0,10% em maio, comparado a 2,48% em abril e mediana de expectativas a 0,22% para o mês.

O desempenho do Ibovespa não foi melhor na sessão – bem abaixo do observado em Nova York -, tendo se enfraquecido ao longo da tarde em razão do ajuste nas ações de commodities, especialmente Vale ON (-0,42%), que veio de ganho na segunda-feira de 3%. Ainda assim, a perspectiva para as matérias-primas tende a se fortalecer com os desdobramentos positivos em torno da China, rumo a afrouxamento de medidas de distanciamento social devido ao cumprimento da meta de três dias sem registro de transmissão comunitária da Covid-19 em Xangai, observa Paula Zogbi, analista da Rico Investimentos, destacando medidas de estímulo no país, como o corte de juros hipotecários, que tendem a produzir efeito sobre o ritmo da recuperação.

Ainda assim, com o ajuste visto no petróleo Brent, de US$ 114 na segunda-feira para a casa de US$ 111 nesta terça, agora abaixo do WTI (US$ 112), Petrobras também teve desempenho negativo na sessão, em meio aos ruídos persistentes sobre o comando da estatal, sob ataque contínuo do presidente Jair Bolsonaro em razão da política de preço dos combustíveis.

Nesta terça, Petrobras ON e PN fecharam respectivamente em leve alta de 0,08% e em baixa de 1,30%. Por outro lado, os grandes bancos tiveram desempenho positivo, com destaque para BB ON (+2,85%) e Bradesco PN (+2,05%), assim como a maioria das ações de siderurgia, com destaque para CSN (ON +1,74%).

Na ponta do Ibovespa, Locaweb fechou em alta de 11,15%, Cogna, de 5,86%, e Ecorodovias, de 5,10%. Na face oposta, Hapvida (-16,84%), Magazine Luiza (-11,46%) e IRB (-7,89%).

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