Estadão

Ibovespa emenda quinta perda, em baixa de 0,73%, aos 124,7 mil pontos

O Ibovespa retrocedeu no fechamento desta quinta-feira, 23, à casa dos 124 mil pontos, operando agora em torno dos menores níveis do ano, em dia no qual os resultados da Nvidia colocaram o índice Nasdaq, em Nova York, em nova máxima histórica durante a sessão. Mas o índice de tecnologia acabou por se alinhar, do meio para o fim da tarde, ao Dow Jones e S&P 500, todos em baixa no fechamento, em renovação de mínimas na etapa final que levaram o Ibovespa também aos pisos do dia.

Se por um lado, desde Nova York, houve celebração dos números triunfais da Nvidia, por outro a sessão foi pautada ainda pela progressão dos rendimentos dos Treasuries, em linha com forte leitura preliminar sobre o índice de atividade (PMI, na sigla em inglês) dos Estados Unidos em maio, divulgada nesta manhã – e que reforça o cenário de juros altos por mais tempo na maior economia do globo.

"Cenário externo permanece desafiador, o que se reflete na curva de juros dos Estados Unidos. Os juros devem permanecer altos por tempo superior ao que se pensava, mantendo a renda fixa como opção atraente para o investidor", resume Charo Alves, especialista da Valor Investimentos, mencionando também o ajuste de expectativas com relação à Selic, que havia iniciado o ano com projeções de cortes mais acelerados – estimativas que foram reconsideradas em direção ao meio do ano. "Agora, a expectativa é de que possa terminar 2024 entre 10% e 10,5%", bem perto ou mesmo no nível em que a taxa básica do Brasil já se encontra, acrescenta Alves.

Assim, no fim do dia, o índice da B3 mostrava nesta quinta-feira baixa de 0,73%, aos 124.729,40 pontos, a quinta menor marca do ano para fechamentos. Foi também o menor nível de encerramento desde 25 de abril, e o quinto revés consecutivo para o índice da B3, em correção mais aguda nas últimas duas sessões – na quarta, havia cedido 1,38%, no que foi sua maior perda desde 10 de abril, dia em que havia iniciado uma sequência de seis quedas. Na mínima, aos 124.430,54 pontos (-0,97%), o Ibovespa também foi ao menor nível desde 25 de abril, então aos 123,7 mil.

Após ter subido na quarta-feira a R$ 25,9 bilhões, o giro financeiro recuou nesta quinta para R$ 22,0 bilhões. Na semana, o Ibovespa acumula até aqui perda de 2,67%, desde a quarta-feira no negativo também no mês, em que cede agora 0,95%, o que eleva a retração de 2024 a 7,05%. Refletindo a cautela sobre o nível dos juros americanos e as dúvidas internas sobre a orientação fiscal, quase todos os nomes de primeira linha cederam terreno na B3 nesta penúltima sessão da semana.

Na ponta do Ibovespa, destaque para Suzano (+3,68%), à frente nesta quinta-feira de CVC (+2,50%), Lojas Renner (+2,21%) e IRB (+1,71%). No lado oposto, MRV (-4,79%), Carrefour (-4,50%), Magazine Luiza (-3,40%) e Hapvida (-3,18%). Entre as ações com maior peso no índice da B3, Vale ON cedeu 0,60% e Petrobras caiu 0,85% (ON) e 1,00% (PN). Entre os maiores bancos, as perdas chegaram a 2,04% (Banco do Brasil ON) no fechamento da sessão, em que Santander conseguiu oscilar para o positivo (Unit +0,11%).

Lá fora, houve piora com relação à expectativa dos juros americanos, com pressão nos rendimentos dos Treasuries que acabou por reverter o desempenho do Nasdaq, que havia subido, mais cedo, a novo nível recorde durante a sessão, "impulsionado pelos excelentes resultados da Nvidia em todas as linhas do balanço, e acima do que se esperava pelos analistas", diz Rodrigo Alvarenga, sócio da One Investimentos, referindo-se ao ganho de até 10% mostrado pela ação da empresa na sessão desta quinta-feira, em que fechou ainda em forte alta de 9,32%.

"A Nvidia forneceu impulso significativo para a continuação do rali da inteligência artificial, com resultados superando amplamente expectativas elevadas", o que fez com que as ações da empresa disparassem mais de 7% ainda no after hours de Nova York na noite de quarta-feira, quando os números foram divulgados, aponta em nota a Guide Investimentos.

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