As indefinições da cena política interna, com relação à prisão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o recrudescimento da tensão comercial entre Estados Unidos e China azedaram o humor da bolsa doméstica durante toda esta sexta-feira, 6. No entanto, perto do final da sessão, o ritmo de queda arrefeceu e o índice à vista não só se recuperou como se firmou no patamar dos 84 mil pontos.
Assim, o índice à vista fechou em queda de 0,46%, aos 84.820,42 pontos. O giro financeiro foi de R$ 9,66 bilhões. Na semana, o Ibovespa recuou 0,64%.
De acordo com Raphael Figueredo, analista da Eleven Financial Research, a desaceleração das fortes quedas vistas no mercado acionário americano próximo ao fechamento por lá contribuiu para reduzir a baixa por aqui. Naquele mesmo horário, Henrique Meirelles também anunciava sua saída do Ministério da Fazenda e oficializava que seu secretário-executivo, Eduardo Guardia, ocupará seu lugar, garantindo a continuidade da condução da política econômica.
No campo político, o ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), negou o pedido de habeas corpus impetrado pela defesa de Lula para suspender execução da pena. “O cenário político traz incerteza. O fato de Lula ser preso não impede que ele se inscreva para concorrer ao pleito eleitoral. E o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) deve se pronunciar em setembro”, afirma Roberto Indech, analista-chefe Rico Investimentos.
Do ponto de vista externo, Indech ressalta que também há muitas incertezas uma vez que o embate comercial de China e EUA parece que não terá fim tão cedo. “Com certeza, haverá impacto no crescimento global”, disse Indech, ressaltando que ainda não é possível mensurar o quanto, mas que isso muda a perspectiva para a bolsa.
Internamente, as quedas em torno de 9% das ações da Eletrobras no pregão de hoje também contribuíram para a baixa local. O recuo foi atribuído à percepção de investidores de que a possibilidade do atual ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Wellington Moreira Franco, ser o novo ministro de Minas e Energia no lugar de Fernando Coelho Filho torne a pasta mais política do que técnica, deixando para trás o projeto de privatização da companhia.