Estadão

Ibovespa encerra na mínima do dia e cai 5,09% no mês

O Ibovespa fechou este 31 de agosto na mínima do dia, em baixa de 1,53%, aos 115.741,81 pontos, um mês pautado a princípio pelos temores em torno da desaceleração chinesa – que afetam diretamente a B3 pela exposição a commodities – e também pela incerteza em torno dos juros nos Estados Unidos, se poderão subir mais ou se ficarão perto dos níveis em que já estão, em meio a um mercado de trabalho ainda sólido na maior economia do mundo. Aqui, nas últimas sessões, as preocupações sobre o cenário externo têm dado algum espaço ao olhar doméstico, especialmente à perspectiva fiscal, com as soluções encontradas pelo governo na proposta de orçamento para atingir a meta de déficit zero em 2024.

Nesse contexto de incertezas, nas últimas oito sessões, desde o dia 22, o Ibovespa tem mostrado simetria de ganhos e perdas, alternando avanços e recuos duplos, com o passo à frente em geral superando por pouco o recuo que lhe sucede.

Dessa forma, chegou ao fim de agosto acumulando perda de 5,09%, o primeiro revés mensal desde a queda de 2,91% em março, que havia sucedido recuo maior, de 7,49%, em fevereiro. Na série histórica de 13 perdas entre os dias 1º e 17 de agosto, a maior desde 1968, o Ibovespa cedia 5,71% no mês, o que limitava o ganho acumulado em 2023 a 4,78% – agora, sobe 5,47% no ano. Neste agosto que ora chega ao fim, foram apenas cinco altas em 23 sessões.

Assim, finaliza o mês abaixo dos 116 mil pontos, após ter fechado julho bem perto dos 122 mil. Desde cedo, o índice da B3 encontrou dificuldade para evitar a ré em sessão na qual apenas Vale, e por muito pouco (ON +0,15%), conseguiu sustentar alta no fechamento, entre as ações de maior liquidez e peso no Ibovespa. Petrobras ON e PN acentuaram perdas à tarde e encerraram o dia, respectivamente, em baixa de 2,70% e 2,08%, aparando os ganhos acumulados no mês a 2,46% e 6,36%, pela ordem. No mês, Vale ON cedeu 3,50%.

Com giro na B3 a R$ 26,0 bilhões nesta última sessão do mês, apenas sete ações do Ibovespa conseguiram sustentar alta no fechamento desta quinta-feira, tendo à frente Petz (+5,18%), em meio a rumores sobre a possibilidade de fusão com o principal concorrente, a Cobasi.

Destaque também para 3R Petroleum (+2,24%) e Prio (+1,33%), em dia positivo para o minério e o petróleo. Em Dalian, na China, o minério de ferro subiu 3,54% nesta quinta-feira, cotado a US$ 116,47 por tonelada no contrato mais negociado. Por sua vez, em Londres, o petróleo Brent para novembro subiu 1,86%, a US$ 86,83 por barril, enquanto o WTI de outubro avançou 2,45%, a US$ 83,63, em Nova York.

"O minério de ferro tem mostrado recuperação nas últimas três semanas, o que é positivo para Vale e o setor metálico, com o peso que o segmento de commodities tem na Bolsa brasileira. As preocupações com China e os juros americanos deram o tom aos negócios na passagem para agosto, o que resultou em diminuição de fluxo para Brasil e naquela série de 13 perdas na abertura do mês", diz Bernard Faust, operador de renda variável da One Investimentos.

Por outro lado, "nas últimas sessões de agosto, a atenção tem se voltado ao fiscal, ao cenário doméstico. E há duas questões aí: primeiro, se o governo conseguirá chegar à meta que está sendo traçada de déficit zero em 2024; segundo, o que será feito, com relação à receita, para que se atinja esse objetivo", acrescenta Faust, destacando que o fim da dedutibilidade de juros sobre capital próprio para todos os setores, a partir do ano que vem, tem pesado em especial no desempenho das ações do setor financeiro, conhecido por realizar distribuição de JCP em "maior proporção e frequência".

Assim como na quarta, as ações de grandes bancos fecharam esta quinta-feira em bloco no vermelho, ainda que em grau semelhante de ajuste ao visto no Ibovespa na sessão. No mês, as perdas acumuladas nos papéis das maiores instituições chegaram à casa de 10% no caso do Bradesco (ON -10,78%, PN -10,16%), que na quinta-feira fechou em baixa entre 1,19% (ON) e 1,39% (PN). Na ponta perdedora do Ibovespa na sessão, destaque nesta quinta para CVC (-9,49%), Alpargatas (-6,56%) e Pão de Açúcar (-6,44%).

"Há dúvidas sobre a capacidade do governo cumprir a meta de déficit zero para o próximo ano, estabelecida no arcabouço fiscal. Hoje foi apresentado o projeto de lei orçamentário para 2024, e as declarações dos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Simone Tebet (Planejamento) não amenizaram o comportamento do mercado, avesso a risco na sessão, com a questão fiscal e a possibilidade de aumento de gastos", diz Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest. O dólar fechou o dia em alta de 1,68%, a R$ 4,9511.

Na moeda norte-americana, o Ibovespa fechou este mês de agosto a 23.376,98 pontos, refletindo a queda de 5,09% para o índice de ações nominal e avanço de 4,69% para o dólar frente ao real no mês. Em 2023, em dólar, após ter chegado ao final do primeiro trimestre aos 20.100.65 pontos, o Ibovespa foi a 21.355,22 pontos no fechamento de maio e, no fim de junho, chegou aos 24.654,87 pontos. Com o dólar em queda de 1,25% ante o real em julho, e ganho pouco acima de 3% para o Ibovespa, o índice da B3, na moeda americana, havia subido a 25.783,48 pontos no mês passado.

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