Estadão

Ibovespa encerra no piso do dia, em baixa de 0,94%, a 127,3 mil pontos

O Ibovespa seguiu em queda pelo terceiro dia, tendo chegado a retomar o nível de 129 mil pontos pela manhã, sem força para sustentar recuperação mesmo com o favorecimento proporcionado por Nova York, onde os três índices subiram hoje entre 0,54% (Dow Jones) e 1,35% (Nasdaq). Ao fim, a referência da B3 mostrava perda de 0,94%, a 127.315,74 pontos, na mínima do dia, após ter atingido, na máxima de hoje, 129.046,63, com giro a R$ 22,8 bilhões nesta quinta-feira. Na semana, o índice recua 2,80% e, no mês, cai 5,12%.

A ação de maior peso no Ibovespa, Vale ON, chegou a operar em leve alta, mas perdeu força e fechou em baixa de 0,65%, também na mínima do dia, a R$ 69,00, apesar da estabilização nos preços do minério de ferro em Dalian, na China, que contribuiu para o avanço do setor de siderurgia (Usiminas PNA +2,77%, CSN ON +2,28%, Gerdau PN +1,22%) na sessão.

Por sua vez, Petrobras, mesmo com o petróleo em alta – sinal acentuado pela commodity à tarde, após a divulgação de queda acima do esperado para os estoques dos EUA -, fechou no vermelho, com ON em baixa de 0,74% e PN, de 0,40%. O dia foi negativo também para grandes bancos, com BB (ON -1,16%) e Bradesco (ON -1,13%, PN -0,57%) à frente.

"Bolsa caiu na contramão dos mercados internacionais, com destaque negativo para os setores financeiro e de construção", diz Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed. "Parece ter sido um dia de retirada de capital estrangeiro. Vale lembrar que os investidores estrangeiros aportaram muito no Brasil em novembro e dezembro, e começaram janeiro em retirada, com destaque para o dia 16, em que a soma do mercado à vista e futuro foi superior a R$ 2 bilhões", acrescenta.

Nesta quinta-feira, 18, para além do avanço do petróleo na sessão, duas empresas do setor foram destaque de alta, PetroReconcavo (+11,70%) e 3R Petroleum (+7,62%), ambas na ponta ganhadora do Ibovespa. Em nota, a Toro Investimentos aponta que, ontem, a Maha Energy anunciou ter passado a deter 5% do capital da 3R, e apresentou "proposta de transação que pode vir a beneficiar a empresa."

"Os ativos onshore da 3R e seus passivos seriam segregados da estrutura e colocados à venda. Neste contexto, a PetroReconcavo se mostra como potencial interessada, vide a proximidade de vários ativos com possibilidade de criação de sinergias e o know how desta em operações onshore", acrescenta a Toro.

O Citi avalia também que a combinação de negócios entre a 3R Petroleum e a PetroReconcavo proposta pela acionista da primeira, Maha Energy, possui sinergias operacionais claras, principalmente na infraestrutura e nos ativos midstream que desempenham papel importante no negócio onshore, reporta a jornalista Marcia Furlan, do <b>Broadcast</b>.

Do outro lado do índice, na ponta perdedora do Ibovespa, destaque na sessão para Magazine Luiza (-6,98%), Hapvida (também -6,98%), Vamos (-6,47%) e Energisa (-5,34%). A Energisa informou hoje que está trabalhando na documentação para realizar possível oferta pública de ações ordinárias e preferenciais, a fim de captar volume aproximado de R$ 2 bilhões nesta sexta-feira, 19, depois do fechamento do mercado.

Em fato relevante, a companhia disse que, caso a oferta seja realizada, a acionista controladora, Gipar, manifestou a intenção de acompanhar o aumento de capital na proporção de sua participação no capital social da empresa, de 27,7%, reporta a jornalista Ludmylla Rocha, do <b>Broadcast</b>.

No quadro mais amplo, os recentes sinais, neste começo de ano, de que o início do afrouxamento da política monetária nos Estados Unidos pode vir mais tarde do que o mercado vinha precificando em dezembro – o que foi decisivo para o Ibovespa buscar novas máximas históricas naquele mês – permanecem como pano de fundo da inapetência por risco – assim como a instabilidade geopolítica no Oriente Médio e a tibieza econômica na China, a que a Bolsa brasileira tem grande exposição, via commodities.

Hoje, o presidente do Federal Reserve de Atlanta, Raphael Bostic, disse que adiantou sua projeção para normalização dos juros do BC americano, do quarto para o terceiro trimestre do ano. "Dito isso, se continuarmos a ver uma acumulação de surpresas para baixo nos dados da inflação, posso ficar confortável em defender uma normalização mais cedo do que no terceiro trimestre", afirmou Bostic, em discurso preparado para evento.

"Há uma calibragem ainda em curso, no mercado, com relação aos juros nos Estados Unidos. Isso pega a Bolsa em cheio, após se pensar que a taxa do Fed começaria a cair já em março. E quando se prolonga, quando se coloca para adiante a expectativa por juros mais baixos, afeta diretamente o apetite por ativos de risco, como ações", diz Gabriel Mota, operador de renda variável da Manchester Investimentos, em referência à realização de lucros em andamento na B3 neste início de ano.

"Os rendimentos dos títulos americanos, os Treasuries, continuam a subir, com o de 10 anos pagando agora 4,12%, o que pressiona as Bolsas, principalmente aqui", observa Felipe Leão, especialista da Valor Investimentos. Assim, o Ibovespa se manteve hoje no menor nível de fechamento desde 12 de dezembro (então aos 126,4 mil pontos), no intervalo anterior à sequência de máximas históricas que o colocaria aos 134,1 mil no encerramento de 2023. Desde o início do ano, em 13 sessões, o índice da B3 subiu em cinco e caiu em oito.

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