Estadão

Ibovespa encerra o dia na máxima, em alta de 1,36%, aos 124,3 mil pontos

O Ibovespa chega ao fim de junho, na sexta-feira, 28, acumulando até aqui seu maior ganho mensal de 2024, um tanto tímido (+1,81%), ainda assim superior ao avanço de 0,99% em fevereiro – até aqui, o único mês positivo neste semestre. Com recuperação em sete das últimas oito sessões, o índice conseguiu se afastar das mínimas desde novembro passado, na casa dos 119 mil pontos, atingindo hoje os 124.307,83 pontos, em alta de 1,36%, na máxima do dia no encerramento e também o maior nível de fechamento desde 27 de maio (124.495,68).

O giro ficou em R$ 22,3 bilhões. Na semana, o Ibovespa avança 2,44%, a caminho, por enquanto, de igualar o intervalo entre 11 e 15 de dezembro, quando também havia subido 2,44% – se superar tal marca amanhã, será o maior avanço semanal para o Ibovespa desde o período de 13 a 17 de novembro (+3,49%). No ano, limita as perdas a 7,36%. Em porcentual, a alta desta quinta-feira foi a maior desde 26 de abril (então +1,51%).

No meio da tarde, em paralelo a novas falas do presidente Lula sobre gastos públicos, o dólar virou e passou a cair ante o real, a R$ 5,50 no fechamento, enquanto o Ibovespa acentuava alta, acima do limiar de 124 mil. Ao fim, a moeda americana era cotada a R$ 5,5075, em baixa de 0,22% nesta quinta-feira.

"Paulo Guedes ministro da Economia entre 2019 e 2022 dizia então que se errarmos, dólar vai a R$ 4, e se errarmos muito vai a R$ 5. Estamos ainda em R$ 5,50. Está muito errado ainda", diz Luiz Roberto Monteiro, operador da mesa institucional da Renascença, acrescentando que a fala desta tarde do presidente foi como um "repeteco" do que Lula tem argumentado, recentemente.

"Por mais que a gente queira fazer política social, não podemos jogar dinheiro fora. Estamos fazendo operação pente-fino em todos os ministérios", afirmou o presidente nesta tarde, observando também que há muito "subsídio" e "desoneração" no Brasil. "A fala do presidente não foi para tanto. Na minha opinião, o mercado está ajustando posições em função do fechamento do semestre", diz Monteiro, destacando os prêmios que foram se acumulando na curva de juros doméstica, em paralelo a câmbio também bastante pressionado e a descontos agudos no Ibovespa, com múltiplos rebaixados pela aversão a risco.

"O dia mostrou como uma variação marginal do humor resultou em alívio para os ativos de risco, com grande ganho de fôlego para os ativos locais. Há alguns motivos para a melhora: a Bolsa está, de fato, largada há algum tempo, com a questão fiscal e também a monetária elevado nível da Selic e também a sucessão no BC, de Roberto Campos Neto, em 2025", diz Matheus Spiess, analista da Empiricus Research. "Lula trouxe hoje um pouco de alívio, após a forte retórica eleitoral", acrescenta o analista, referindo-se também, desde ontem, à confirmação da meta contínua para a inflação, o que ajuda a reancorar expectativas.

"Pragmaticamente, Lula aliviou, e ajudou a zerar a perda do dólar na sessão. Cortes de gastos públicos no segundo semestre e a manutenção do viés conservador pelo BC tendem a contribuir para recuperação do Ibovespa", diz Spiess, observando que o tom "revanchista" assumido de forma mais explícita pelo presidente Lula nas últimas semanas – contra o mercado e o presidente do BC, Roberto Campos Neto – resultou em grande pressão sobre o câmbio e a curva de juros doméstica, especialmente na ponta longa – descolando os ativos daqui da relativa melhora de humor no exterior, apesar da incerteza que ainda prevalece sobre os juros do Fed.

Na B3, com o petróleo em alta em torno de 1% nesta quinta-feira em Londres (Brent) e Nova York (WTI), Petrobras fechou em alta de 2,02% (ON) e de 1,67% (PN), enquanto Vale ON, que caía marginalmente até quase o fechamento, virou e subiu 0,26%, em máxima que coincidiu com o fim da sessão, a R$ 61,56.

O encerramento foi positivo para os maiores bancos, entre perda de 0,04% restrita a BB ON e ganhos que chegaram a 1,27%, para Santander Unit, também na máxima do dia no fechamento. Na ponta ganhadora do Ibovespa na sessão, Suzano (+12,18%), Petz (+9,73%) e Pão de Açúcar (+8,05%). No lado oposto, Cemig (-2,90%), Sabesp (-2,81%) e São Martinho (-1,02%), além de BTG (-0,77%).

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