Economia

Ibovespa fecha em queda de 1,86% com commodities e risco político

A forte queda dos preços do petróleo no mercado internacional foram determinantes para mais um dia de desempenho negativo na Bolsa brasileira. Mas a quinta-feira não se resumiu apenas à influência das commodities. Segundo profissionais de renda variável, o desconforto com o cenário político, um dia depois da aprovação do parecer da reforma da Previdência, foi outro importante estímulo às ordens de vendas de ações. Nesse ambiente, o Índice Bovespa teve queda de 1,86%, aos 64.862,60 pontos. O volume financeiro somou R$ 9,1 bilhões.

O barril do petróleo WTI, negociado na bolsa de Nova York, atingiu hoje o menor valor desde 29 de novembro do ano passado, com especulações em torno da não disposição dos países da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) de promover cortes adicionais na produção da commodity. A queda pressionou as ações da Petrobras durante todo o dia, com os papéis registrando baixas de 2,70% (ON) e 3,95% (PN).

As commodities metálicas também reagiram negativamente no dia. Os contratos futuros de cobre recuaram com os temores em relação à demanda na China, onde a atividade na indústria mostrou retração em abril, para a mínima em sete meses. Na Comex, a divisão de metais da New York Mercantile Exchange (Nymex), o contrato para julho encerrou em queda de US$ 0,032 (-1,26%), a US$ 2,5115 por libra-peso. Na China, o minério de ferro caiu 5,07% no mercado à vista, para US$ 65,20 por tonelada.

Em consequência da onda de quedas das commodities metálicas, as ações da Vale caíram 3,69% (ON) e 3,82% (PNA), arrastando com elas os papéis do setor siderúrgico. Entre as ações que compõem o Ibovespa, as maiores baixas foram de CSN ON (-6,84%) e de Gerdau Metalúrgica PN (-6,43%). Usiminas PNA perdeu 5,19%. Bradespar PN, acionista da Vale, cedeu 4,70%.

Profissionais também apontaram o conturbado cenário político doméstico como um importante fator de estímulo às ordens de venda hoje. Para esses analistas, a queda generalizada das ações do setor financeiro teria sido um importante sinalizador de risco político, uma vez que o setor vem de uma safra de balanços considerada bastante satisfatória no primeiro trimestre do ano. Sendo assim, a queda de 4,20% das ações do Banco do Brasil seria um sintoma dessa cautela. Itaú Unibanco PN, que ontem divulgou resultado financeiro em linhas gerais bem recebido no mercado, teve sua segunda queda consecutiva – desta vez de 3,27%. Em dois pregões, perdeu 4,87%.

“Não chegou a ser um pânico, mas o mercado hoje mostrou, sim, um medo em relação às dificuldades no cenário político, com o temor de que a reforma da Previdência passe com pouco impacto fiscal. Todos sabem que o governo vai aprovar, mas não se sabe qual será o efeito e a duração das medidas”, disse um gestor.

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